segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Sobre os Testes em Animais Realizados pela Indústria Cosmética

Texto excelente e extremamente didático sobre o assunto. vale a pena ler cada palavra.

Muita gente me pergunta se as empresas de cosméticos asiáticas realizam testes em animais. Não realizam mais nem menos que as ocidentais. Como há muita desinformação sobre o assunto, resolvi publicar um post sobre os testes em animais realizados pela indústria cosmética de um modo geral.
Sei que o post ficou grande. Não é possível comentar sobre o assunto escrevendo pouco. Mas acreditem, o original que escrevi estava muito maior. Não descarto escrever uma parte II sobre este assunto.
1 – Quais são os segmentos da indústria que realizam testes em animais?
De forma indireta, todos. De forma direta, uma boa parte. Alguns exemplos: a indústria de alimentos para seres humanos usa conservantes e diversos outros aditivos que foram ou são testados em animais. A indústria de alimentação animal não fica de fora e também realiza diversos testes em animais. Um exemplo de marca que testa em animais é a Mars, fabricante de Pedigree, Whiskas, entre outros. Clicar aqui para mais informações sobre os testes realizados pela Mars. A indústria bélica, a de medicamentos, automotiva, química etc. etc. etc. Todas elas realizam testes em animais.
A tinta usada no mouse do computador que você está usando teve/tem muitos componentes testados em animais.  Aliás, por isso mesmo acho um pouco difícil compreender vegan que tem computador em casa. São coisas contraditórias. Grosso modo, a “filosofia” dos vegans é não usar qualquer coisa com componentes de origem animal ou que tenha sido testada em animais. Logo, umvegan coerente não usaria computador, uma vez que nos computadores há diversos materiais com componentes testados em animais.
Se você for a uma feira e comprar tomates, os componentes dos agrotóxicos presentes nos frutos foram testados em animais. “Mas só compro tomate orgânico”. Pois saiba que o próprio tomate já foi testado – e continua sendo  - testado em animais. Se hoje nós formos digitar “tomato + mice”  no Pubmed, encontraremos quase 300 artigos publicados. Isso envolvendo apenas um animal (camundongo) e apenas um alimento (tomate).
A indústria cosmética é apenas mais uma, entre milhares de outras, que realiza testes em animais.
2 – Por que a indústria cosmética realiza testes em animais?
Certamente não é porque gosta! Testes em animais são muitos caros, burocráticos e horríveis para a imagem das empresas. Ainda mais a imagem das empresas de cosméticos que vivem, em grande parte, exatamente da… imagem! Geralmente, a indústria cosmética testa em animais por dois motivos:
A – Às vezes ela desenvolve uma substância nova ou quer usar algum extrato vegetal novo, com efeitos ainda desconhecidos pela ciência. Nesse caso, costuma ser obrigatório (às vezes até pela legislação de vários países) que sejam feitos testes em animais antes dos testes em seres humanos;
B – Porque muitas empresas de cosméticos investem em ciência de base nas áreas médicas e biomédicas. Ao pesquisar com a ajuda do Pubmed,  encontra-se diversos trabalhos publicados por empresas como L’oréal, Shiseido, Kao Corporation e muitas outras sobre, por exemplo, melanoma, que é um câncer muito agressivo. Muitos dos estudos sobre o melanoma seriam impossíveis sem o uso de animais, já que não há nenhum modelo artificial (in vitro) que reproduza toda a complexidade do organismo dos animais. Só um exemplo…
Obviamente, quem é contra os testes em animais costuma estar com as melhores intenções possíveis. Eu mesmo muito provavelmente não aceitaria um trabalho caso eu tivesse de testar em animais. Só psicopatas gostariam de ver algum animal sofrer. Mas aí está um porquê não é interessante impedir que a indústria cosmética (ou qualquer outra) realize testes em animais. Já não é investido muito dinheiro pelo governo para a pesquisas de doenças, se até a indústria privada for proibida…
Já testes para avaliar, por exemplo, a irritação ocular causada por um xampu, são raramente feito em animais hoje em dia. Se é que alguma empresa ainda faz. Porque existem alternativas. Produtos acabados  não costumam mais ser testados em animais faz bastante tempo. As empresas, em geral, só testam em animais quando realmente não há alternativas.
3  - E quando não há alternativa?
Em muitos casos. Como já expliquei na pergunta anterior, quando se quer investir em ciência de base, o uso de animais costuma ser uma necessidade. Além disso, quando se quer estudar o ação de uma substância nova (ou um extrato vegetal, o que seja), também não costumam haver alternativas para todos os testes necessários.
Toxicidade por dose repetida: de acordo com o relatório, nenhuma alternativa completa ao uso de testes em animais para este tipo de teste surgirá nos próximos anos. É uma área extremamente difícil para se desenvolver alternativas  aos testes em animais. Testes in vitro (em modelos artificiais), porém, podem ajudar a reduzir a quantidade de animais necessária atualmente. Reduzir, não eliminar. Reduzir pode não ser o ideal, mas é melhor do que nada;
Sensibilização cutânea: para isso, os especialistas estão altamente otimistas. Os do relatório citado afirmaram que entre 2017 e 2019 provavelmente irão surgir alternativas que poderão substituir completamente o uso de animais em testes de sensibilidade cutânea. Essa data só não leva em consideração o tempo para que os testes sejam aceitos pela ECVAM (Europe Centre for the Validation of Alternative Methods);
Carcinogenicidade: esta é uma área tão difícil para desenvolver-se alternativas aos testes em animais que os pesquisadores nem arriscaram uma data para que surjam alternativas.
“Although a timeline for full replacement cannot be developed, clearly the timeline is expected to extend well past 2013,”  alegaram os especialistas.
Toxicocinética: os especialistas acreditam que se for feito um esforço extremo (em outras palavras), o que inclui uma enorme quantidade de cientistas dando o melhor de si e muito, mas muito dinheiro mesmo, poderão surgir alternativas para substituir testes de toxicocinética entre 5 e 7 anos.
Agora pergunto: quase falida do jeito que a União Europeia está, vocês acham que há dinheiro sobrando para isto?
Trecho do relatório:
“Given best working conditions, including resources in money and manpower it could be predicted that an integrated approach linking the results from in vitro/in silico methods with physiologically based toxicokinetics in order to characterise different steps involved in toxicokinetics would be available within 5 to 7 years whereby the development of in vitro methods for renal excretion and absorption via the inhalation route are the rate limiting steps.”
Toxicidade reprodutiva: alternativas para o fim total do uso em animais de testes de toxicidade reprodutiva provavelmente não surgirão antes dos próximos 10 anos, afirmam os especialistas.
Conclusão: muitas alternativas aos testes em animais podem surgir nos próximos anos, o que é excelente e um forte progresso. Mas alternativas para TODOS os testes necessários, é improvável que surjam nas próximas décadas.
Para quem quiser ler o relatório, clicar aqui.
4 – Quais seriam as consequências de vender cosméticos com substâncias que não passaram por estes testes?
Muitas. Todas terríveis. Os cosméticos poderiam causar desde problemas aos fetos das gestantes, passando por câncer e até causar a morte. Voltaríamos a produzir cosméticos como durante o Império Romano.
Recentemente, os historiadores descobriram que os cosméticos produzidos na Roma antiga eram relativamente similares aos de hoje. Porém, obviamente, eles não passavam por todos os testes aos quais são submetidos atualmente. E por isso causaram diversos problemas à saúde dos usuários. Os formuladores da época usaram por muito tempo chumbo (acetato de chumbo) nos produtos. O resultado é que uma boa parte da população teve problemas de saúde por isso (intoxicação por chumbo pode causar inúmeros problemas graves à saúde, até morte). Ao observar os efeitos negativos de chumbo, os formuladores passaram a usar óxido de estanho nas fórmulas dos cosméticos. Até que isso ocorresse, no entando, várias pessoas foram expostas aos riscos de uma exposição excessiva ao chumbo. Se os formuladores da época tivessem previamente testado o chumbo em animais, a saúde dos romanos não teria sido colocada em risco.
Para quem tem curiosidade sobre o assunto, clicar aqui.
Não é cosmético, mas dou um exemplo mais recente: no fim da década de 50 foi desenvolvida a talidomida. Na época o medicamento foi testado apenas em ratos, que são pouco sensíveis a tolidomida e por isso o medicamento pareceu ser seguro a todos. Resultado: várias gestantes que tomaram o medicamento tiveram bebês que nasceram deformados em decorrência do uso da talidomida. Hoje é possível encontrar vários adultos sem parte dos braços em decorrência da talidomida usada pela mãe. Mas se tivessem testado a talidomida em mais espécies de animais, como coelhos (mais sensíveis à talidomida do que os ratos) e em animais prenhes, isso teria sido evitado.
Clicar aqui para ler mais sobre o assunto.
5 – Mas há empresas que alegam não testar em animais. Como isso é possível?
Sim, é verdade. Há mesmo (caso da maioria). É muito fácil testar em animais, alegar que não testa em animais e ainda por cima NÃO estar mentindo.
Explico: Provavelmente vários de vocês já assistiram ao comercial da Folha, aquele que diz que é possível contar um monte mentiras dizendo só a verdade. Para quem nunca assistiu, aqui está:
Empresas que alegam não testar em animais podem fazer o seguinte:
A – Pagar para que outros laboratórios façam os testes; isto é, terceirizá-los;
B – Fundar institutos de pesquisa. Não é a empresa que está fazendo os testes, é o instituto de pesquisa X…
C – As matérias primas compradas podem ter sido previamente testadas em animais pelos fornecedores;
D – Usar substâncias que já foram testadas pelos cientistas em alguma outra ocasião. TODAS as empresas que conheço e alegam não testar em animais fazem isso (caso D). NÃO HÁ EXCEÇÃO! 100% delas fazem isso!
Vamos a um exemplo…
Earth Friendly Baby Organic Shampoo & Bodywash
Crédito da imagem: Drugstore.
Alegações:
“This product is not tested on animals which we know you would not want at all. Vegan”
O produto não foi testado em animais mesmo. Nem conheço empresas de cosméticos que ainda testem os produtos acabados em animais. Surpreso eu ficaria se tivesse sido testado. De forma alguma eles estão mentindo.
Ok., o produto, não. Mas e os ingredientes?
A lista de ingredientes:
Water, Cocamidopropyl Betaine (coconut), Sodium Lauroyl Lactylate (coconut), Decyl Glucoside (corn), Glycerine (vegetable), Phenoxyethanol, Cocamide MEA (vegetable), Lavandula Angustifolia (Lavender) Oil, Anthemis Nobilis (Roman Chamomile) Flower Oil, Glycine Soja (Soybean), Tussilago Farfara (Coltsfoot), Urtica Dioica (Nettle), Salvia Officinalis (Sage) Leaf, Salvia Sclarea (Clary Sage) Oil, Rosmarinus Officinalis (Rosemary) (Organic), Citrus Grandis (Grapefruit) Oil, Aloe Vera (Aloe Barbadensis) Gel, Xanthan Gum (vegetable), Citrus Aurantium Dulcis (Orange), Citric Acid, Limonene (essential oil)
Escolhi um ingrediente aleatoriamente: o phenoxyethanol. Digitei no Pubmed “phenoxyethanol” e “mice”. Resultado: surgiram vários estudos sobre o phenoxyethanol realizado em animais. Como este (Eur J Med Res. 2004 Sep 29;9(9):449-54).
Mais um ingrediente para exemplificar: Rosmarinus Officinalis* (alecrim). Surgiram quase 50 estudos com extrato de alecrim feito em ratos. Como este (J Ethnopharmacol. 2010 Sep 15;131(2):443-50. Epub 2010 Jul 13).
* Sei que “Rosmarinus Officinalis” não está grafado de modo correto de acordo com a nomenclatura científica, mas na nomenclatura envolvendo ingredientes usados em cosméticos – INCI – é assim que deve se escrever mesmo.
Conclusão: o produto final não foi testado em animais. Mas muitos dos ingredientes usados (se não todos) foram. Tudo bem, não foi testado por funcionários da empresa. Mas foi testado por outros cientistas. E a empresa escolheu um ingrediente que foi testado em animais (claro, ela não iria colocar os consumidores em risco). Assim é fácil, né?!
A Natura alega que não testa em animais:
Não está mentindo. Ela realmente não usa tecidos de animais que foram criados exclusivamente para pesquisa. Mas deu prêmio a estudo que foi feito em pele de porco obtida em frigoríficos. Qual é a diferença, na prática?
Leiam a reportagem:
Só foram alguns exemplos. Poderia ter citado milhares…
Felizmente, existem empresas de cosméticos realmente transparentes. E por isso não negam os testes. Pelo contrário, avisam claramente que testam em animais. Mesmo sabendo que perdem milhares de clientes por isso e poderiam fazer como as outras. É o caso, por exemplo, da Procter & Gamble (fabricante de Pantene, Hipoglós, Olay, Gillette, DDF Skincare, Head & Shoulders, Koleston, Vick, Pampers, Oral-B, Naturella, Frédéric Fekkai e diversas outras), Unilever (fabricante de Dove, Hellmann’s,  Ades, Seda, Tigi etc.) e Shiseido.
O que a Procter & Gamble alega:
“Sometimes, to ensure that materials are safe and effective, we must conduct research that involves animals. This is a last resort. We consider such research only after every other reasonable option has been exhausted. The vast majority of our tests do not use animals and our ultimate goal is to completely eliminate animal testing.
P&G firmly believes that ending animal research is beneficial for consumers, animal welfare, and industry. Wherever possible, we use computer models, synthetic materials, clinical studies, published scientific studies, and comments from consumers about products they use.
P&G’s product lines are diverse. We sell more than 250 brands. These brands are subject to different legal/regulatory oversight. As a result, our Animal Research policy for the Health Care business is similar to, but distinct from our policy for consumer products such as cosmetics and cleaning products.
We are also committed to helping pets live better and longer lives, and our nutritional research programs for pets are designed to do just that. This represents a third area in which we have a policy to guide our development of nutritional programs specifically for cats and dogs.
Today, more than 99% of our safety assessments are accomplished without the use of additional safety testing with animals. We reapply existing information and make extensive use of non-animal methods to determine safety. P&G is working with many partners and lawmakers globally to continue to advance science and technology in this area.
(…)”
Vejam que a empresa alega já ter eliminado aproximadamente 99% dos testes em animais. Mas 100% é impossível e muito possivelmente será pelas próximas décadas.
Shiseido:
“Shiseido does not test its cosmetic products on animals, under any circumstances. As for cosmetic ingredients, we do not conduct animal testing save for exceptional cases where it is required by law, or where there are absolutely no other alternative methods to animal testing, and therefore unavoidable to guarantee product safety*1 .
(…)
*1 Guarantee of Product Safety
If all alternative methods to animal testing were completed to confirm the safety of cosmetic ingredients, no animal testing would be required. However, at the current scientific level, not all alternative methods have been established or authorized, and in order to guarantee customer safety and security, there are now cases * in which safety tests involving animal testing are necessary according to either the law or product safety assurances.
In cases where we have no choice but to conduct animal testing, our testing plans are strictly examined by the “Animal Testing Council” that is set up in-house, to check whether they conform with the 3Rs principles (Reduction = reduction of the number of animals used; Refinement = alleviation or minimization of pain and discomfort; and Replacement = switching to non-animal testing) contained in the guidelines of the Science Council of Japan.
Unilever:
“Our Policy
Unilever is committed to the elimination of animal testing. We are equally committed to consumer health and safety, and to the safety of our workforce and the environment. We do not test finished products on animals unless demanded by the regulatory authorities in the few countries where this is the law. In such cases, we try to convince the local authorities to change the law.  Where some testing of ingredients is required by law or currently unavoidable, we aim to minimise the number of animals used.
In pursuit of these goals, Unilever on the one hand applies strict internal control procedures to ensure that animal testing is only carried out when no alternatives are available, and on the other hand, invests in developing and applying alternative approaches to replace animal testing in safety assessments for consumer products.
By adopting this dual approach, we advance the elimination of animal testing and reduce the number of tests to the absolute minimum. We provide transparency both in the use of animals and in the progress made in developing alternative approaches.
(…)”
Johnson & Johnson é outro exemplo de empresa que tem posição clara sobre o assundo. Clicar aqui para quem quer ler a posição da empresa.
6 – O que vem sendo feito para que surjam mais alternativas aos testes em animais?
Muita coisa. A Procter & Gamble, por exemplo, alega já ter investido quase 300 milhões de dólares americanos em pesquisas e desenvolvido mais de 50 métodos alternativos. Clicar aqui para ler mais.
Já a Shiseido, desde a década de 90 já publicou mais de uma dezena de estudos importantes e premiados sobre o assunto. Como vocês podem ler clicando aqui, recentemente ela se uniu a Kao Corporation (concorrentes se unindo em prol de uma boa causa) para fazer ainda mais pesquisas sobre o assunto.
Unilever e Johnson & Johnson também estão fazendo muitos esforços. Entrem nos sites das respectivas marcas para mais detalhes.
A ironia é que justamente as empresas que assumem testar em animais são as que mais investem em pesquisas para o desenvolvimento de testes alternativos. Já as empresas que não assumem os testes, em comparação, parecem praticamente não investir nesta área.
7 – Quero contribuir para que surjam mais testes alternativos. O que posso fazer?
A – Aceitar que sejam feitos testes em animais (quando não há alternativas). Para que pesquisas sobre métodos alternativos sejam feitas, é necessário usar animais. Se é desenvolvido um método alternativo, o resultado deste método terá de ser comparado com o resultado de um teste feito em animais…
B – Doar dinheiro a instituições que pesquisem o assunto. Posso passar uma lista para quem quiser.
Como já mostrei, escolher produtos de marcas que supostamente não testam em animais não irá causar praticamente nenhum efeito real. Se é que algum.
8 – Como são feitos os testes?
Antes de os testes serem realizados, as pesquisas costumam ter de ser aprovadas por comitês de ética. E os animais são tratados da melhor forma possível. Recebem cuidados veterinários e são criados em um ambiente com condições ideais. Não só porque as empresas querem tratar os animais assim, mas também porque se eles estiverem estressados, com alguma doença ou problema prévio, os resultados dos testes não serão válidos.
As leis brasileiras envolvendo o tema são bastante estritas e favoráveis aos animais, sendo que podem ser lidas aqui.
Além disso, muitas empresas, mesmo nos países onde a legislação é mais liberal, seguem o chamado “princípios dos 3 Rs”:
Reposição: as empresas substituem as pesquisas feitas em animais por testes alternativos sempre que possível;
Redução: as empresas reduzem ao máximo a quantidade de animais envolvidos;
Refinamento: o impacto negativo dos testes no bem-estar dos animais é minimizado o quanto possível. Eles são, por exemplo, anestesiados durante os testes (caso o teste possa causar alguma dor) e eutanasiados para evitar sofrimento, quando necessário.
9  - Aceito que, por exemplo, sejam usados animais para testes de medicamentos. Mas a indústria cosmética não produz produtos muito fúteis para que eu aceite que ela faça testes em animais?
Como já expliquei, a indústria cosmética não costuma mais testar produtos acabados (um xampu, por exemplo) em animais. Ela só testa em casos extremos, quando quer estudar alguma matéria prima. E – em boa parte das vezes – os testes são feitos porque muitas empresas de cosméticos fazem pesquisa de base (pesquisas essas que podem levar ao entendimento melhor ou tratamentos de diversas doenças graves). E como uma leitora lembrou, a ciência é muito interligada. Não é porque, por exemplo, um engenheiro desenvolve algo, que o que ele descobriu terá implicações, necessariamente, apenas na engenharia em si. Pode ter em diversas outras áreas, como na Medicina. O mesmo ocorre com a indústria cosmética. Se uma empresa de cosméticos descobre algo, pode ser que esta descoberta seja útil a várias outras áreas que não só a de cosméticos. A japonesa Kanebo, por exemplo, é uma empresa de cosméticos. Mas acaba de fazer uma descoberta que talvez leve ao desenvolvimento de tratamentos para certas doenças reumatológicas. Na tentativa de produzir protetores solares mais eficientes, a mesma empresa identificou um gene responsável por uma síndrome que deixa a pele extremamente sensível ao sol. A Shiseido, por sua vez, desenvolveu aparelhos capaz de identificar d-aminoácidos em seres humanos, o que está levando a um melhor entendimento de diversas doenças. Eu poderia citar centenas de outros exemplos de descobertas feitas pela indústria cosmética que foram benéficas para diversas outras áreas da ciência.
Além disso, não consideraria dentifrícios/cremes dentais (sim, são considerados cosméticos), limpadores e protetores solares como algo fútil. Vem crescendo as evidências de que o uso regular de protetores solares pode ajudar a prevenir até o melanoma, um dos tipos de câncer mais temidos. Em muitos casos, os hidratantes também não poderiam ser considerado fúteis. Quem tem dermatite atópica, uma doença que pode afetar muito a qualidade de vida do portador, sabe que o uso de hidratantes é muito importante para evitar crises da doença. O uso de hidratantes por quem tem dermatite atópica é recomendado em qualquerguideliness, como o japonês. Atualmente há muitos cosméticos hidratantes inovadores que “nasceram” de pesquisa básica, onde o uso de animais costuma ser extremamente importante. Os sabonetes, por mais simples que possam parecer, podem salvar a vida de milhões de pessoas, visto que podem ajudar a descontaminar as mãos.
E se por algum motivo a indústria cosmética for proibida de realizar experimentos em animais, então seria mais justo que quase todas as outras também fossem. Não me parece que um iPhone colorido seja menos fútil do que uma sombra para maquiagem, por exemplo.
10 – Mesmo depois de ler tudo o que você escreveu, continuo contra os testes. Já que tudo o que a gente compra tem substâncias que foram testadas em animais, vou largar tudo e ir morar com os índios em alguma aldeia no meio da Selva Amazônica.
Não resolverá nada. Muitas plantas que os índios consomem foram testadas antes em animais por eles mesmos. Antes de os  índios consumirem a planta X, é comum eles colocarem esta planta X para o animal Y comer e observar se ela é venenosa ao animal ou não.
Leitura recomendada:
ATUALIZAÇÃO (26/04/2012): 
1 – O FDA lançou uma nova recomendação: grosso modo, que cosméticos contendo “nanotecnologia” sejam testado in vivo (em animais) antes de serem testados clinicamente em seres humanos. Uma empresa de cosméticos que use nanopartículas (por exemplo: de dióxido de titânio usado em protetores solares) que não tenha sido testadas em animais, está claramente deixando de seguir uma recomendação do FDA, o que talvez coloque os seres humanos em risco.
Mais informações: http://www.nano.gov/
2 – Muitos estão me perguntando por que não realizar testes científicos em prisioneiros. Alguns dos motivos:
a) Porque a população carcerária é muito, mas muito menor do que a necessária para se realizar testes científicos;
b) Mesmo que fosse suficientemente grande, não há como obter linhas isogênicas usando seres-humanos;
c) A ideia não é nova. Hitler já tentou isto. Mas não deu certo. Após as atrocidades cometidas contra seres humanos durante a Segunda Guerra Mundial, estabeleceu-se o Código de Nuremberg. Alguns dos princípios do mesmo:
“1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial. Isso significa que a pessoa envolvida deve ser legalmente capacitada para dar o seu consentimento; tal pessoa deve exercer o seu direito livre de escolha, sem intervenção de qualquer desses elementos: força, fraude, mentira, coação, astúcia ou outra forma de restrição ou coerção posterior; e deve ter conhecimento e compreensão suficientes do assunto em questão para tomar sua decisão. Esse último aspecto requer que sejam explicadas à pessoa a natureza, duração e propósito do experimento; os métodos que o conduzirão; as incoveniências e riscos esperados; os eventuais efeitos que o experimento possa ter sobre a saúde do participante. O dever e a responsabilidade de garantir a qualidade do consentimento recaem sobre o pesquisador que inicia, dirige ou gerencia o experimento. São deveres e responsabilidades que não podem ser delegados a outrem impunemente.”
“3. O experimento deve ser baseado em resultados de experimentação animal e no conhecimento da evolução da doença ou outros problemas em estudo, e os resultados conhecidos previamente devem justificar a experimentação.”

Os 'zooxiitas' e a polêmica do uso de animais em experiências


ARTIGO DO LEITOR OCTÁVIO MENEZES DE LIMA JUNIOR
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Atualizado:
Um velho ditado afirma que "o pior cego é aquele que não quer enxergar". Outro, menos antigo, prega que "se conhecimento, dados precisos e bons argumentos convencessem alguém, nenhum médico seria fumante". Cada vez mais me convenço da verdade contida em ambos ditados. As pessoas, quando não querem ser convencidas de algo, não há gênio, pedagogo ou mestre espiritual que as convença que a verdade que elas enxergam não é, de fato, a verdade absoluta.
Um caso clássico do que acabo de afirmar é a posição ortodoxa, radical e obscurantista de certos grupos ligados à defesa dos direitos animais no que diz respeito ao uso de animais em pesquisa científica. Defendem mitos como se fossem verdades inquestionáveis, informações imprecisas e, em alguns casos, fantasiosas como se fossem fatos científicos e satanizam a Ciência e os cientistas como se fossem, em sua maioria, pessoas malignas, perversas e mal intencionadas. Será que essa visão linear e obtusa é realmente a verdade?
Desrespeitando minha crença de que não adianta "gastar o meu latim" com quem não quer ser convencido, e na esperança de que pessoas equilibradas e sensatas, sem opinião formada ou dispostas, ao menos, a considerar a opinião oposta antes de tirarem conclusões, possam enxergar a real dimensão e a complexidade do tema, decidi me aventurar a escrever aqui sobre esse polêmico assunto. Sei que estou me arriscando a ser xingado, execrado e quem sabe sofrer até atentados, como foi o caso recente de uma ilustre cientista durante uma discussão sobre o tema na reunião da SBPC, que foi alvejada com tinta vermelha por "zooterroristas" que se dizem defensores de direitos animais. Mas acho que vale a pena o risco...
Para iniciar, vamos tentar derrubar alguns mitos. O primeiro grande mito é o argumento que se faz experimentos com animais por ser mais barato e/ou mais fácil do que fazê-lo in vitro (em tubo de ensaio). Quem afirma isso não deve ter a mínima noção do grande gasto de tempo, pessoal, espaço e trabalho que demanda manter um biotério. Os animais comem, bebem, precisam ser medicados, são mantidos em condições da alta higiene (quando não de esterilidade absoluta), temperatura e luminosidade controlada e demandam a atenção de tratadores e veterinários, tudo a um custo bastante elevado. Totalizando o custo final de tudo que envolve a criação de um camundongo, ou outro animal experimental, e comparando isso com os custos de se trabalhar in vitro com linhagens celulares em cultura, facilmente se percebe que é muito mais barato trabalhar in vitro. Experimentos in vitro são inclusive, em sua maioria, mais simples e mais reprodutíveis, mas, infelizmente, não trazem respostas claras com relação à grande maioria dos fenômenos fisiológicos complexos.
Outro grande mito é a crença que existem métodos alternativos que substituem perfeitamente os experimentos com animais. Se isso fosse verdade, eu seria o primeiro a utilizá-los e tenho certeza que a grande maioria de meus colegas também assim o fariam, até porque, como afirmei acima, seria mais simples e mais barato. Nesse caso, vou contra-argumentar com algumas perguntas: me expliquem, por favor, como eu poderia simular in vitro o sistema circulatório com todos seus componentes, celulares e biofísicos, para fazer testes de drogas contra a hipertensão arterial? Qual protocolo experimental eu poderia usar para simular ansiedade ou depressão e testar medicamentos contra esses males, utilizando apenas células em um tubo? Como eu faria para testar in vitro o efeito de uma droga na perda de memória? Poderiam me explicar também como se faz para descobrir se um produto é bom contra diarréia usando células em um tubo de ensaio? Qualquer pessoa sensata e com o mínimo de conhecimento, em vista dos poucos exemplos que citei aqui, percebe que a coisa não é tão simples como pregam o "zooxiitas" de plantão.
Outro argumento comumente utilizado é que o organismo de outros animais é diferente do humano e os testes em animais são, portanto, sem sentido. Usam aí uma meia-verdade, tentando torná-la uma verdade absoluta. É preciso sim ter cuidado ao se interpretar dados obtidos com experimentação animal, respeitando as diferenças interespecíficas. Em muitos casos não se reproduz um fenômeno biológico em organismos de espécies distintas, mas em espécies próximas evolutivamente há, em sua maioria, grandes semelhanças que permitem tirar conclusões preciosas e relevantes. Se fosse, realmente, tão diferente, a ponto de ser impossível se extrapolar para o ser humano o dado obtido em experimentação animal, a Ciência já teria abandonado tal prática, pois seria um esforço inútil e um gasto de recursos, técnicos, financeiros e humanos sem justificativa.
Além disso, alguém realmente acha que grandes laboratórios multinacionais (que em sua maioria visam muito mais o lucro do que o lado humanitário) iriam gastar milhões de dólares em testes de drogas em animais, se isso não trouxesse nenhum dado confiável? Seriam os diretores dessas companhias insanos, sádicos ou irresponsáveis? Faz sentido jogar dinheiro no ralo assim? O fato é: os testes de drogas em animais reduzem ao extremo os riscos para o ser humano e para outros animais, tendo em vista que, das drogas adotadas no tratamento de seres humanas, a maioria também é utilizada para fins veterinários.
Alguns dizem: "testem diretamente em humanos". Aí eu pergunto: você se ofereceria como voluntário para testar se uma droga é boa contra um problema cardíaco, sabendo que se ela falhar ou piorar a sua situação poderia levar à sua morte? Aceitaria uma droga sem ter a mínima noção (pela ausência de testes em outros animais) do tipo de efeitos colaterais ela pode causar e sua real eficácia? Daria a um bebê com diarréia severa um medicamento que nunca foi testado, cruzando os dedos para ele funcionar, se não a criança pode morrer de desidratação, isso sem ter a menor pista dos seus efeitos em outros mamíferos? Você realmente acha menos hediondo utilizar seres humanos como cobaias do que animais, criados especificamente para esse fim? Você concorda com a opinião de certas pessoas que acham que se deve utilizar presidiários como cobaias humanas?
Aliás, a "turminha legal" dos "porões da ditadura" ia adorar fazer isso com os "subversivos" que eles prendiam e torturavam aos milhares, nas décadas de 60 e 70 do século passado... O fato é: não se pode abrir o precedente autorizando experimentação humana sob o risco de se institucionalizar atrocidades e banalizar ainda mais o valor da vida humana. Mas, caso os defensores árduos dos direitos animais insistam em defender essa tese (que fere os direitos humanos, o que, aparentemente para os "zooxiitas" importa menos que os direitos animais), sugiro que, sendo coerentes com essa idéia, sejam todos voluntários para tais testes, incluindo seus filhos e outros parentes na lista também.
Outro mito: "os cientistas são pessoas malignas que sentem prazer em torturar animais". Alguém em sã consciência acha que Dr. Louis Pasteur era um sádico torturador de animaizinhos indefesos, por mero prazer, em experimentos sem sentido? Seria o Dr. Carlos Chagas um homem maligno que tinha prazer de sacrificar insetos inocentes, por matar barbeiros em suas pesquisas? Seria um criminoso o Dr. Albert Sabin, que desenvolveu a vacina contra a poliomielite, tendo em vista que sua vacina foi testada antes em macacos e só depois liberada para vacinação humana? Sim, porque segundo o ponto de vista dos radicais defensores dos animais, esses e milhares de outros pesquisadores não passam de psicopatas assassinos. Para eles, por exemplo, testar a vacina Sabin em algumas dezenas de macacos não se justifica, mesmo tendo essa vacina evitado que milhões de pessoas contraíssem pólio e ficassem aleijadas pelo resto da vida. Se assim eles pensam, eu, humildemente, me reservo ao direito de discordar.
O que acho intrigante é o seguinte: estariam esses "zooxiitas" defendendo o direito à vida das baratas? E os mosquitos, inclusive os da dengue, estão na sua lista de animais a serem defendidos? Seriam defensores dos cupins? Estariam os barbeiros (que transmitem a Doença de Chagas) entre seus alvos de proteção? Estariam tão interessados em defender uma ratazana malcheirosa que entra em sua casa pelo ralo, quanto um ratinho bonitinho, branquinho criado em um biotério científico? Achariam também importante defender pulgas, carrapatos e piolhos? Pensam ser uma atrocidade usar um vermífugo para matar uma solitária (Taenia solium) que parasita uma criança? Sim, porque todos exemplos que citei acima são, também, animais e deveriam ser defendidos, da mesma forma e com o mesmo afinco! Ou será que só entram nessa lista os camundonguinhos, ratinhos, ramsterzinhos, coelhinhos, porquinhos, cachorrinhos, gatinhos e macaquinhos fofinhos?
Para aqueles que não são vegetarianos, então, não existe a menor forma de sustentar sua posição pró-animais, tendo em vista promoverem uma imensa matança de animais para se alimentarem. A propósito: eu sou vegetariano.
É sinal de profunda ignorância e/ou leviandade colocar experimentação científica séria, voltada para a saúde da humanidade, no mesmo saco que: touradas, Farra do Boi, criação de gansos para fazer patê de foie gras, caça "esportiva" de animais ou para extrair peles para casaco de madames fúteis, tráfico de animais, rodeios, exploração de animais em circos, criação de animais imobilizados para se obter "baby beef", briga de galos cachorros e outros animais, espancamento ou manutenção em condições precárias de animais domésticos e, até mesmo, uso de animais para testar cosméticos (todos procedimentos que sou absolutamente contra).
A verdade, ao meu ver, é que a experimentação animal é um mal necessário. Não existe forma satisfatória de substituir o uso animal em pesquisas sem interromper estudos fundamentais para o futuro da humanidade e para saúde e sobrevivência do ser humano. O que pode, deve e já está sendo feito, não só no Brasil, mas mundialmente, é regulamentar, fiscalizar e conscientizar as pessoas que fazem esse tipo de pesquisa, para utilizarem o mínimo necessário de animais, reduzir ao máximo qualquer sofrimento causado a eles e principalmente avaliar profundamente a real relevância dos projetos de pesquisa para a humanidade. A criação, nas últimas décadas, de comitês de ética em experimentação animal, em todas grandes instituições de pesquisa do país, e a aprovação recente da Lei Arouca, são exemplos de que o esforço está sendo feito.
Agora, jogar tinta e ameaçar pesquisadores, invadir laboratórios (arriscando inclusive a se contaminar e gerar contaminação para terceiros) ou qualquer ato similar de terrorismo são atitudes de quem não tem capacidade de argumentar. A violência é o caminho que escolhem os indivíduos sem força moral, intelectual e espiritual para aceitar a diferença de opinião alheia. Esse tipo de atitude é algo patético, irresponsável e que denota falta de caráter. Discordar é um direito sagrado que cada um de nós tem. Entretanto, querer obrigar as pessoas a pensar e agir como nós achamos que devem fazê-lo e tentar coagi-las e amedronta-las para que assim o façam, é o tipo de atitude que tiveram os mentores de diversas ditaduras, inclusive aqui no Brasil, e o caminho escolhido pelo Sr. Adolph Hitler para "salvar" o seu país. Se esse é o caminho que os zooxiitas preferem, só lamento. Eu prefiro parafrasear Voltaire: "Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo".
Se o leitor, após ler o que escrevi, ainda discorda de minha argumentação, respeito totalmente sua opinião, apenas peço coerência. Se não és vegetariano, torne-se imediatamente. Pare então de usar tudo que foi testado em animais: medicamentos alopáticos estão todos fora de cogitação, inclusive anestésicos. Deves fazer qualquer procedimento cirúrgico sem anestesia. Aliás, pensando bem, a maioria dos procedimentos cirúrgicos atuais ainda foram testados em animais, ou derivam de outros que assim o foram. Ou seja, a grande maioria deles estaria fora de sua lista de itens "zôo-corretos", inclusive nada de ir ao dentista.
Não mate, por nenhum meio, em sua casa ou na rua: baratas (é totalmente absurdo tirar a vida de um animal só porque tem medo ou nojo dele!), aranhas, pulgas, carrapatos (deixe seu cão e seu gato cheios desses bichinhos lindos), piolhos (sim, se seu filho tiver piolhos, nada de matar os pobres animais, deixe a cabeça do menino virar uma colônia de piolhinhos felizes), lacraias, formigas, cupins, (se der cupim no seu guarda-roupa, alegre-se por hospedar animaizinhos tão fascinantes em sua casa), ratos (deixe um queijinho para aquelas ratazanas de estimação que visitarem sua cozinha e trate-as com carinho), mosquitos (nada de matar o mosquito da dengue, deves fazer campanha contra esse absurdo!) e ácaros (não desinfete o chão de sua casa, não limpe camas e sofás nem lave sua roupa, para não matar os pobres ácaros). Se lagartas, formigas, pulgões, cochonilhas ou lesmas atacarem seu jardim, paciência, a natureza é assim, deixe os animais se alimentarem em paz.
Nunca dê vermífugos para seus filhos e animais de estimação, vermes também são animais e merecem proteção. Se fores um dia picado por uma cobra, jamais use soro antiofídico, além de ser obtido de veneno tirado contra a vontade de cobras mantidas em cativeiro, ainda por cima é injetado em pobres cavalos, que depois têm seu sangue coletado para extrair o soro. Nada de se vacinar, vacinas são testadas em animais antes de serem liberadas para uso humano. Nunca ande de avião, essas naves malignas matam aves por acidente com freqüência. Aliás, trens e carros também matam insetos no pára-brisa e atropelam animais que por acidente cruzem suas vias, nada de usar esses transportes, nem nada que tenha sido transportado por eles. Creio que com todas essas medidas simples você estará sendo totalmente zoocorreto. Aí, se quiser fazer um "upgrade" para zooxiita, basta passar a atacar cientistas e invadir laboratórios. Boa sorte, você vai precisar.Este artigo foi escrito por um leitor do Globo. Quer participar também e enviar o seu?Clique aqui
Octávio Menezes de Lima Junior é doutor em Biologia Celular e Molecular


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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Mídia Sem Máscara - A moral do Brasil

Mídia Sem Máscara - A moral do Brasil

Ativismo animal.

Impressionante que mesmo sabendo que a informação corre de forma viral, as pessoas não tomam nenhuma precaução, mesmo quando sempre avisadas, que precaução com as fontes e com os fatos é importante, e veiculam coisas de forma irresponsável. Até aí me incluo em alguns casos e faço meu Mea Culpa sempre que me pego errando, mas este negócio de ativismo, de forma geral, não passa por isso.

Ativismo envolve manipulação de pessoas menos esclarecidas por pessoas que não se importam com nenhum tipo de esclarecimento racional. Na verdade, a razão é lixo, diante da ação destes sujeitos que desmontam verdades em busca de seus objetivos. Passam por cima de tudo e todos pra poder ver aquilo que querem (e é querem, porque sei que a grande maioria sabe que o que querem não é bom pra ninguém, mas não se importam) em detrimento do fato, da verdade, da razão. E manipulam pessoas de boa fé.

É impressionante ver que os ativistas encaram a vida como uma guerra de dois lados, e pra isso não se importam em destruir pessoas, trabalhos, esforços, não ligam, não dão a mínima, contanto que consigam se fazer ouvir. E se for preciso (e sempre é) calam quem eles julguem errados, sem lhes dar direito de palavra.
Triste ver que os caras realmente querem fazer que as pessoas acreditem que, quem trabalha num biotério de criação ou experimentação seja sádico, moralmente baixo e ruim, mas usam este tipo de estereótipo para manipular gente boa e simples, que compartilham com eles a falta de informação sobre o assunto, mas não a má fé, a vontade de destruir e de acabar com reputações de trabalhadores sérios.

Mas o mais inadmissível não é ouvir ignorantes falarem coisas as quais não sabem e agir de acordo com sua ignorância, condenando trabalho sério, supervisionado por entidades sérias e que traz dividendos sanitários até para eles e seus familiares.

O inadmissível é ver gente da área biomédica, que ao menos deveria entender os propósitos da pesquisa séria, se embasar em leigos, tomando-os como bem intencionados e formadores de opinião e assim apoiar uma invasão, destruição de patrimônio seguida de roubo de animais com alto potencial sanitário, certificados pelos órgãos competentes e acompanhados por protocolos de agências de bem estar animal regulamentadas por lei.

A argumentação? Soa bem científica: foram ouvidos "vários gritos de cães" no local, que indicavam que "indicavam que os animais estavam sendo submetidos a tratamentos cruéis" e que "sentiam muita dor". 
Uma pergunta aos “protetores ativistas”:
Por qual motivo SÓ SE IMPORTARAM COM OS CÃES?
Haviam ratos alojados em caixas que poderiam ser comodamente transportadas por eles.

Os ratos continuam lá, esperando sua “misericórdia”.

O texto está sem fotos ou demais coisas agradáveis porque o assunto não é agradável.

Quando pesquisas sérias param pessoas morrem.

Meu professor de História mentiu pra mim: Grupo Folha dá atestado de desonestidade patológic...

Meu professor de História mentiu pra mim: Grupo Folha dá atestado de desonestidade patológic...: Está fazendo sucesso nas redes sociais compartilhar o resultado de uma pesquisa sobre o perfil político do brasileiro. As questões foram ...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

ENTÃO, PORQUE VOCÊS NÃO PARAM DE DAR TANTAS VOLTAS, #**%$@)!

http://pt.wikipedia.org/wiki/Navalha_de_Occam

Navalha de Occam

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Navalha de Occam ou Navalha de Ockham é um princípio lógico atribuído ao lógico e frade franciscano inglês William de Ockham (século XIV).
O princípio afirma que a explicação para qualquer fenómeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do mesmo e eliminar todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria. O princípio é frequentemente designado pela expressão latina Lex Parsimoniae (Lei da Parcimónia) enunciada como:"entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem" (as entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade). 1
O princípio recomenda assim que se escolha a teoria explicativa que implique o menor número de premissas assumidas e o menor número de entidades. 2
Originalmente um princípio da filosofia reducionista do nominalismo, é hoje tido como uma das máximas heurísticas (regra geral) que aconselham economia, parcimónia e simplicidade, especialmente nas teorias científicas. 3
Cquote1.svg"Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenómeno, a mais simples é a melhor"Cquote2.svg

Frases originais[editar]

Nos textos originais existem várias frases que definem o princípio de Occam.
  • pluralitas non est ponenda sine neccesitate (a pluralidade não deve ser posta sem necessidade)
  • entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem (as entidades não devem ser multiplicadas além do necessário). Esta frase foi cunhada em 1639 por John Ponce de Cork.

O conceito[editar]

A Navalha de Occam defende a intuição como ponto de partida para o conhecimento do universo. William de Ockham defende o princípio de que a natureza é por si mesma económica, optando invariavelmente pelo caminho mais simples. A origem desta tese pode ser traçada desde John Duns Scotus (1265-1308), Robert Grosseteste (1175-1253), ou mesmo desde Aristóteles.
William de Ockham, por outro lado, achava que a aplicação muito restrita desse princípio limitaria o poder de Deus (que deveria poder escolher um caminho mais complicado para alguns fenómenos se assim desejasse). No entanto, Ockham defendia que o homem, nas suas teorias, deveria sempre eliminar conceitos supérfluos. Este princípio ficou conhecido como "navalha de Occam" a partir do século XIX, através dos trabalhos de Sir William Hamilton.
O princípio chega a nós com a obra Ordinatio. Esta postulava que todo conhecimento racional tem por base a lógica, de acordo com os dados proporcionados pelos sentidos. Uma vez que só conhecemos entidades palpáveis e concretas, nossos conceitos não passam de meios linguísticos para expressar uma ideia; portanto, precisam de comprovação através da realidade física.

Contra a navalha de Occam[editar]

Walter Chatton, contemporâneo de Occam, afirmava que "se três entes não forem suficientes para verificar uma afirmação acerca de algo, então uma quarta deve ser acrescentada, e assim por diante".
Leibniz (1646-1716), Kant (1724-1804), Karl Menger (século XX) também discordaram da navalha de Occam.
Leibniz afirmou que "a variedade de seres não pode ser diminuída".
Menger formulou a lei contra a avareza, segundo a qual "as entidades não podem ser reduzidas até ao ponto da inadequação", e "é inútil fazer com pouco o que requer mais"...
Obviamente nenhuma destas afirmações contraria realmente o sentido da Navalha de Occam, mas servem antes como alerta contra o excesso de zelo na aplicação do princípio. Deve-se eliminar o supérfluo, mas apenas isso.

Em ciência[editar]

Este princípio foi adoptado pelo que viria a ser conhecido como método científico. É uma ferramenta lógica que permite escolher, entre várias hipóteses a serem verificadas, aquela que contém o menor número de afirmações não demonstradas, o que facilita a verificação da teoria, constituindo assim um dos pilares do reducionismo em ciência.
Ao longo da história da ciência a navalha de Occam foi usada de diversas formas. Uma delas consiste na escolha da teoria mais simples para explicar um fenômeno, como na escolha da teoria do eletromagnetismo de James Maxwell em lugar da teoria do éter luminoso.
Como princípio matemático, a navalha de Occam foi aplicada pelo matemático soviético Andrei Nikolaevich Kolmogorov para definir o conceito de sequência aleatória, criando a área que ficou conhecida como complexidade de Kolmogorov.
A navalha de Occam é antecessora do chamado princípio KISS, Keep It Simple, Stupid ou em português “simplifique, estúpido” uma vulgarização da máxima de Albert Einstein de que "tudo deve ser feito da forma mais simples possível, mas não mais simples que isso", também expressa por Antoine de Saint-Exupéry como: "a perfeição não é alcançada quando já não há mais nada para adicionar, mas quando já não há mais nada que se possa retirar".

Referências

  1. Ir para cima NetSaber. A 'navalha De Occam' E A Simplicidade Da Teoria Espírita. Página visitada em 02 de janeiro de 2013.
  2. Ir para cima Capitão Travis Patriquin, Exército dos EUA (maio-junho 2007). O Princípio da Navalha de Occam para Vincular Fatos (PDF). Military Review. Página visitada em 2 de janeiro de 2013.
  3. Ir para cima General Books. Reductionism: Occam's Razor, Reductionism, Monism, Reduction, Type Physicalism, Dialectical Monism, Separation of Concerns. [S.l.]: General Books, 2010. 96 p. ISBN 1156581338

Ver também[editar]

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Ligações externas[editar]