quinta-feira, 12 de abril de 2012

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8 de junho de 2008

Bebê anencefálico despedaça mitos pró-aborto

Bebê anencefálico despedaça mitos pró-aborto

Depois de um ano e meio de vida, bebê anencefálico sorri, chora quando a mãe está longe e reage a sons

Comentário de Matthew Cullinan Hoffman
MORRO AGUDO, BRASIL, 8 de junho de 2008 (LifeSiteNews.com) — Ao anunciar que o Supremo Tribunal Federal (STF) logo decidirá se permitirá abortos para bebês anencefálicos — bebês que nascem sem um cérebro completo — o colunista Josias de Souza, da Folha de S. Paulo, afirmou que tais crianças normalmente morrem dias após o nascimento.
Mas diga isso para Cacilda Galante Ferreira, cuja filha Marcela nasceu com anencefalia um ano e meio atrás em Morro Agudo, São Paulo, Brasil. O bebê está bem vivo, bem saudável e reage aos membros da família.
“Numa semana tive de sair e deixei Marcela dormindo com minha outra filha. Quando voltei, ela estava agitada e chorando. Não posso ficar longe dela por um minuto”, sua mãe disse ao jornal A Cidade em fevereiro.
Embora nascesse sem a maior parte do cérebro, Marcela Ferreira tem vivido um ano e meio com pouca assistência extraordinária. Ela recebe suplemento de oxigênio e se alimenta por meio de uma sonda de alimentação inserida no nariz, mas em outros aspectos ela vive normalmente. Ela interage com os membros da família e mostra sinais de consciência. A presença dela é uma alegria para todos.
“Meu querido bebezinho, tão pequeno e frágil, é hoje forte e muito amado por todos”, sua mãe escreveu na entrada de um diário. “Marcelinha chegou ao mundo para tocar nossos corações e para nos mostrar o verdadeiro sentido da vida”.
Quando Marcela foi diagnosticada com anencefalia, ainda no útero, deram para sua mãe a opção de abortá-la. O médico dela, diz ela, “me deu uma semana para decidir se eu ia continuar com a gravidez. Eu respondi que não é certo ser tão cruel a ponto de matar essa criança pequena e inocente”.
Muitos são os mitos sobre a anencefalia, e se a recente decisão do Brasil sobre as pesquisas com células-tronco embrionárias for alguma indicação, os erros científicos fatuais acerca desse problema poderiam levar os ministros do STF a condenar milhares de bebês em gestação a uma morte fora de hora.
No caso das células-tronco, decidido no fim do mês de maio, os ministros que deram voto a favor das experiências basearam sua decisão na alegação de que os embriões congelados não podem sobreviver depois de três anos (veja cobertura de LifeSiteNews emhttp://juliosevero.blogspot.com/2008/06/supremo-tribunal-federal-sustenta-em.html). Contudo, embriões congelados já foram implantados com sucesso depois de três anos de armazenamento, e os cientistas dizem que não se conhecem os limites da viabilidade de embriões congelados.
Os que defendem o aborto promovem várias falácias acerca da anencefalia. O primeiro e mais óbvio erro, semelhante ao anterior, é que os bebês anencefálicos não são viáveis fora do útero. No entanto, eles podem, e de fato sobrevivem semanas, meses, e até mesmo anos após o nascimento. O que pode ser o bebê anencefálico com maior tempo de vida, o “Bebê K”, viveu dois anos e meio nos Estados Unidos, morrendo em 1995.
Aliás, um documento sobre ética publicado pela Associação Médica Americana em 1994 (CEJA Report 5-I-94) endossou a prática brutal de remover órgãos de bebês anencefálicos ainda com vida, porém admitiu que dez por cento de tais bebês sobrevivem mais de uma semana após o nascimento (veja o texto total em inglês em http://www.ama-assn.org/ama1/pub/upload/mm/369/ceja_5i94.pdf).
O documento confessou que “o potencial de duração de vida desses recém-nascidos é provavelmente mais longa do que a duração de vida que eles têm agora, porque eles não recebem tratamentos vigorosos”.
O documento fez uma segunda confissão que contradiz o conhecimento comum sobre bebês anencefálicos. Embora os que defendem o aborto afirmem que os testes de anencefalia são absolutamente confiáveis, a Associação Médica Americana reconhece que “diagnósticos incorretos de bebês como anencefálicos têm sido documentados na literatura médica e detectados por programas de exame”
A AMA admite que “não dá para se eliminar inteiramente a possibilidade de diagnósticos equivocados”, mas assegura aos leitores que “o diagnóstico de anencefalia é altamente confiável”.
O que a AMA está reconhecendo é que certa percentagem de bebês descartados no lixo das clínicas de aborto como “anencefálicos” não sofrerão de fato essa doença. Entretanto, o documento chama o risco de “insignificante”.
Os riscos de diagnóstico equivocado podem parecer “insignificantes” para um médico, mas os pais tendem a ter uma perspectiva diferente. Um caso em questão é o de Brandon Kramer, que foi diagnosticado com uma deficiência cerebral enquanto estava ainda se desenvolvendo no útero. Seus pais, Becky Weatherall e seu namorado Kriss Kramer, foram informados pelos médicos de que o cérebro de seu filho estava deformado e grande, e que havia acumulo de líqüido em seu crânio (veja cobertura recente de LifeSite em http://www.lifesitenews.com/ldn/2008/feb/08022603.html).
Os médicos disseram ao casal que seu filho seria surdo e cego, e que provavelmente não sobreviveria por muito tempo após o nascimento. Embora a gravidez já estivesse na fase final, eles recomendaram a realização de um aborto, uma idéia que Weatherall e Kramer rejeitaram.
Contrariando as alegações dos médicos, o filho do casal nasceu completamente saudável e normal.
“Sinto-me incrivelmente culpada só de pensar que eu poderia tê-lo matado”, disse Weatherall, “e então fico imaginando quantos outros bebês completamente normais são mortos”.
É difícil saber quantos diagnósticos falsos de anencefalia e outros defeitos congênitos ocorrem anualmente, pois uma percentagem elevada de crianças são abortadas, resultando num cadáver mutilado que não é examinado após o procedimento.
Aproximadamente 95% dos bebês anencefálicos são abortados antes do nascimento, de acordo com o Instituto Kennedy de Ética na Universidade Georgetown. Esse índice é semelhante a outros defeitos congênitos. No norte da Califórnia, por exemplo, 95% dos bebês em gestação diagnosticados com fibrose cística são abortados, de acordo com a seguradora Kaiser Permanente.
O que pode ser o erro mais devastador com relação à anencefalia é a noção de que os bebês que sofrem de anencefalia não poderão possivelmente ter consciência, porque faltam as partes do cérebro em que ocorrem os pensamentos. Na verdade, a ciência médica mostra que um processo conhecido como neuroplasticidade pode “reajustar” as células cerebrais para mudar sua função e compensar pela perda de outras células.
A Comissão Nacional Italiana de Bioética admitiu que esse efeito poderia realmente permitir que um grau de consciência se desenvolva em bebês anencefálicos, cujo tronco cerebral está intacto. Embora o tronco cerebral normalmente aja para manter o funcionamento dos órgãos do corpo, suas células poderiam teoricamente mudar a função para compensar a ausência da parte de cima do cérebro.
“A neuroplasticidade do tronco cerebral poderia ser suficiente para garantir ao bebê anencefálico, pelo menos nos casos menos sérios, certa possibilidade simples de consciência”, a Comissão escreveu num relatório de 1996, “O Recém-Nascido Anencefálico e a Doação de Órgãos”.
A possibilidade de neuroplasticidade fornece uma explicação científica para o fato de que a pequena Marcela Ferreira exibe muitos sinais de consciência. De acordo com Luiz Carlos Lodi da Cruz, padre e ativista pró-vida, “Marcela reage ao toque da mãe. Com a mão, ela agarra os dedos da Sra. Cacilda”.
Ela reage à luz e som, faz expressões faciais e chora. “Quando ela não quer um alimento específico, ela cospe. Ela reconhece a voz da mãe”, escreve Pe. Lodi em seu site (http://www.providaanapolis.org.br/risomarc.htm).
“Os médicos dirão a você que uma criança anencefálica não pode nem ver nem ouvir, nem sentir dor, que ele ou ela é um vegetal”, diz Anencephaly-info, um site mantido por pais de crianças anencefálicas (http://www.anencephalie-info.org/e/faq.php#14). “Contudo, isso não bate com a experiência de muitas famílias que têm uma criança anencefálica”.
“O cérebro é afetado em graus variados, de acordo com a criança. O cérebro pode alcançar diferentes fases de desenvolvimento. Algumas crianças podem engolir, comer, chorar, ouvir, sentir vibrações (sons altos), reagir a toques e até à luz. Mas acima de tudo, elas respondem ao nosso amor: não se precisa ter um cérebro completo para dar e receber amor — tudo o que se precisa é um coração!” escrevem os autores do site.
Entretanto, considerando a natureza grave da anencefalia, provavelmente os grupos pró-aborto usarão a doença como estratégia de abertura para criar um precedente para a legalização do aborto no Brasil. Os que defendem o aborto para bebês anencefálicos, tais como o colunista Josias de Souza, já estão disseminando erros, distorções e exageros científicos com relação à questão.
Para um exemplo, Souza afirma em seu recente blog (http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/index.html) que gravidezes de anencefálicos apresentam “risco elevado” de danos à mãe. Embora seja verdade que há um risco maior de certas complicações durante tais gravidezes, o risco total à saúde da mãe é baixo.
“O diagnóstico de anencefalia no feto representa um risco médico levemente maior para a mãe”, diz o Hospital Infantil de Wisconsin em seu site (http://www.chw.org/display/PPF/DocID/34371/Nav/1/router.asp). Os autores de Anencephaly-info reconhecem que pode haver excesso de fluído amniótico e outras complicações menores, mas que nos outros aspectos a gravidez é “normal” e não é perigosa para a mãe.
Josias de Souza também frisa a curta duração de vida de crianças anencefálicas, e afirma que “a possibilidade de erro no diagnóstico” de anencefalia antes do nascimento “é perto de zero”. No entanto, “perto” não será suficiente para proteger as crianças cujas vidas se perderão nos diagnósticos falsos que inevitavelmente ocorrerão.
O que é mais importante é que Souza ignora o argumento moral fundamental contra o aborto: que os seres humanos têm o direito fundamental de viver, independente de sua deficiência ou falta de desenvolvimento. Os ativistas pró-vida argumentam que ninguém tem o direito de matar um ser humano inocente, porque as pessoas não são objetos para serem manipulados e destruídos por amor à conveniência.
Em vez de tratar a questão diretamente, Souza faz um apelo emocional, desprezando tais considerações morais e afirmando que o bebê é incapaz de ter consciência e morrerá logo após. Em outras palavras, não importa muito.
A diferença entre o argumento em prol do aborto nesse caso e em outros casos, tais como o “bem-estar psicológico e social da mãe” ou até mesmo a “liberdade de ela controlar seu próprio corpo” é meramente uma diferença de grau. Uma decisão do STF favorecendo o aborto para bebês anencefálicos provavelmente servirá de abertura, permitindo uma liberalização crescente das restrições ao aborto, até que efetivamente seja legal na totalidade.
A primeira abertura foi a decisão do STF aprovando as mortais pesquisas com células-tronco embrionárias, as quais destroem a vida humana em sua fase bem inicial. Resta ver se os que defendem o aborto conseguirão realizar sua segunda abertura.
Links relacionados:
A Possibilidade de Consciência em Bebês Anencefálicos é Reconhecida pela Comissão Nacional Italiana de Ética
Os sorrisos de Marcela
Cobertura relacionada de LifeSiteNews.com:
Supremo Tribunal Federal irá considerar a constitucionalidade do aborto
Supremo Tribunal Federal sustenta, em votação apertada, pesquisas com células-tronco que matam embriões
Traduzido e adaptado por Julio Severo: www.juliosevero.com
Fonte: LifeSiteNews

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