quarta-feira, 30 de março de 2011

“Eu sou o pequeno judeu da foto símbolo do holocausto”




Por Giulio Sanmartini

O anti-semitismo começou quando os judeus foram acusados de deicidas. Isto é responsáveis pela crucificação de Cristo. Lembro que na metade dos anos 1950, eu estudava no colégio Salesiano (Rio de Janeiro), quando numa discussão com um colega o chamei de filho da puta, o padre professor de religião que era um polonês chamado Romeu, me admoestou.

Tentando defender-me, eu lhe disse que o outro, antes, havia xingado minha mãe. O padre então me disse: “Quando for assim, você pode xingá-lo de judeu, que é a mesma coisa”.

O anti-semitismo sempre existiu, mas de uns tempos para cá começaram a aparecer os negacionistas, aqueles que negam o holocausto. Não me refiro ao psicopata presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, existem mais indivíduos que seguem essa linha.

Aqui na Itália estes começam a aparecer entre os catedráticos universitários: Em 2008 o professor de Via Ripetta, Roberto Valvo, diz a seus alunos que a “Shoah foi um arranjo”. Em outubro de 2009 na Sapienza de Roma, Antonio Caracciolo, pesquisador dessa universidade afirma que o holocausto é uma lenda.

Em setembro desse ano o professor de ciências políticas da Universidade de Teramo, diz a seus alunos: “Não existe documento algum, em que Hitler mandasse exterminar os judeus”.

A fotografia de hoje foi uma das muitas mandadas para Hitler como presente de aniversário, registram a destruição do Gueto de Varsóvia. A operação teve começo por ordem de Himmler no dia 19 de abril, como um presente ao Führer, que fazia anos no dia seguinte.













Não se sabe quem fez a foto, mas sabe-se quem é aquela criança com os braços levantados como um prisioneiro defronte aos assassinos da Gestapo, com um boné muito grande, apertado dentro de um capote, com as calças curtas que parecem querer cair-lhes e no meio de uma multidão de prisioneiros destinados ao martírio. Trata-se do hoje médico aposentado Tsvi Nussbaum (1935) que mora nos Estados Unidos. É ele quem conta como aconteceu o fato do dia 13 de julho de 1943, sua voz é apenas um sussurro:

“Os alemães chamavam as pessoas para carregá-las num caminhão em frente ao hotel Polsky. Eles tinham uma lista, mas depois percebi que não constava o meu nome. Os meus pais tinham já sidos mortos, a tiros, na minha frente. Eu não sabia o que fazer e saí da fila, quando um alemão gritou ‘mãos ao alto’, e eu levantei as mãos, mas outro alemão disse ‘é apenas um menino, não se incomode, ele vai ser mesmo fuzilado”.





Como não podia deixar de ser, alguns quiseram contestá-lo, alegando que o garoto da foto havia morrido, ao que ele responde:

“Eu não posso prová-lo, mas não tem mais importância: eu não esqueci”.

Levanta-se dá uma olhada pela janela e conclui: “As vezes preferiria que o menino tivesse ficado sem nome. Porque o assédio, as entrevistas, tudo me dá um sofrimento enorme. Mas depois eu penso que devo isso ao meu povo. Ao nosso futuro. Para aquilo que aconteceu não volte a se repetir nunca mais. Então eu consigo vencer o silêncio a que me havia imposto por quase 20 anos”.

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