sexta-feira, 21 de março de 2014

"Há muito vagabundo 171 recebendo bolsa-ditadura", diz Bolsonaro

Marcha da Família »"Há muito vagabundo 171 recebendo bolsa-ditadura", diz Bolsonaro

Aline Moura - Diario de Pernambuco
Publicação: 20/03/2014 08:00 Atualização: 20/03/2014 08:45

O parlamentar defendeu, inclusive, pena de morte para menores que cometem crimes. Foto: Arquivo Pessoal (Arquivo Pessoal)
O parlamentar defendeu, inclusive, pena de morte para menores que cometem crimes. Foto: Arquivo Pessoal
Embora o PP apoie a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) é um dos principais incentivadores da Marcha da Família, que defende o retorno dos militares ao poder e sairá às ruas no próximo dia 22, incluindo no Recife. Ele diz que não houve nem “ditamole” no Brasil, quanto mais ditadura, acusa Dilma de ser uma “artista” e fala que o movimento patriota iniciado este mês tem os mesmos ventos favoráveis de 1964. “Você já viu como a Dilma olha para Fidel Castro? Parece que ela está recebendo um pacotinho de pirulito de tão feliz. Depois, ela vem olhar para o Papa Francisco do mesmo jeito. É uma artista”.
O parlamentar defendeu, inclusive, pena de morte para menores que cometem crimes e voltou a bater nos programa de combate à homofobia. “Eu não tenho nada a ver com a aranha dela”, esbravejou, reclamando da ministra especial da Secretária das Mulheres, Eleonora Menicucci, que, segundo ele, só se preocupa com temas de homossexualidade ao invés de cuidar da saúde da mulher. 
Veja íntegra da entrevista que concedeu ao Diario, por telefone, de Brasília.

Deputado, o senhor está numa foto onde parabeniza os militares pelo golpe de 1964? É o senhor mesmo?
Sim, o cartaz é meu. Está sendo mais divulgada agora, mas foi retirada no ano passado, quando eu estourei 40 rojões em frente ao Ministério da Defesa. No sábado, um avião vai passar com faixas no Rio de Janeiro dizendo “Vá para Cuba, Fidel Castro de saia”. Será uma alusão à Dilma Guerrilheira Rousseff. 

Como se pode defender o que houve em 1964, deputado?
Aqui não houve ditadura, nem ‘ditamole’. As pessoas viviam em clima de total segurança e liberdade. Os militares, naquela época, foram apoiados pela OAB, pela Igreja Católica, pelos empresários, pela sociedade em geral. Estávamos no limite de uma didatura do proletariado. Não houve golpe militar. Quem cassou o presidente João Goulart foi o Congresso em 2 de abril de 1964. Quem botou Castelo Branco no poder foi o Congresso em 9 de abril de 1964. Foram 361 votos para Castelo Branco, inclusive o de Ulisses Guimarães e do senador Juscelino Kubitschek. (risos)

Que tipo de recepção esse movimento está tendo no Brasil?
Está começando devagar. Foi assim que começamos da última vez. Esse é o primeiro movimento e eu sou apenas integrante dele. Eu inclusive sugiro que as pessoas apenas se encontrem nos locais que marcaram, sem fazer caminhadas, porque, há riscos desse povo do PSOL se meter no meio e criar confusão. É melhor que as pessoas se reúnam nas praças e batam um papo, ao invés de se deslocar de A para B. 

E sobre as torturas provocadas na ditadura militar, deputado? 
Há muito vagabundo 171 dizendo que foi torturado e tem muita gente recebendo o “bolsa-ditadura” de 20 mil. Nenhum aposentado ganha isso. E tudo isso defendido e patrocinado pelo governo de Cuba. 

Não é uma forma simplista de ver esse período, dizendo que Cuba patrocinava os militantes da esquerda no Brasil?
Olha, Fidel Castro assumiu o governo em 1959 e quando derrubou Fulgêncio Batista do poder matou mais de 700 pessoas. Na época, havia uma guerra fria e o negócio funcionava como o jogo de War (jogo com um mapa do mundo dividido em seis regiões). Havia interesse em fortalecer outros exércitos, como no War. Cuba era patrocinada pela União Soviética e ajudava outros lugares. Mas Fidel prometeu libertar o povo das guarras dos Estados Unidos e veja só. Ele dizia que a ilha era um prostíbulo dos Estados Unidos, mas, naquela época, as prostitutas de lá, por exemplo, recebiam 100 dólares por uma relação. Se alguém for lá em Cuba agora e quiser procurar uma mulher, pode pagar um dólar, que vai ser muita grana. A situação está muito pior. Um marajá em Cuba ganha 100 dólares!  

E o que os comunistas tem haver com esse protesto?
Queremos mostrar para os políticos do PT, para esse desgoverno, que não acreditamos nele, na sua liberdade. Eles querem mostrar que o capitalismo é o inferno e o socialismo é o paraíso, mas essas mesmas ditaduras de esquerda mataram mais de cem milhões de pessoas, só 20 mil foi em Cuba. 

Mas, ao invés de defenderem uma mudança pelo voto, vocês querem a intervenção dos militares?
Temos sérias desconfianças para com as urnas eletrônicas. Queríamos que a pessoa pudesse votar na urna eletrônica e um voto impresso cairia em outra urna, na mesma hora, mas o PT não quis. O PT foi contra, não queria que fizéssemos a amostragem.  
 
Deputado, é um pouco chocante tudo isso. Como as pessoas estão vendo seu discurso?
O meu discurso é verdadeiro, as pessoas acreditam no que eu falo e sabem que, nós, militares, somos patriotas e democratas. Você já viu como a Dilma olha para Fidel Castro? Parece que ela está recebendo um pacotinho de pirulito de tão feliz. Depois, ela vem olhar para o Papa Francisco do mesmo jeito. É uma artista. Vocês deveriam achar um absurdo que o BNDES tenha enviado 1,2 bilhão de dólares para investir num porto de Cuba (inaugurado em janeiro deste ano), o porto de Mariel. É justo com o nosso dinheiro? E Cuba vai exportar o que mesmo? Açúcar e charuto cubano?

O senhor fala muito mal de Cuba, mas nunca foi lá…
Eu não preciso botar a mão no fogo para saber que queima. Se fosse bom, aquele povo ia viver fugindo desse jeito?

O senhor recebeu convites para disputar a Presidência da República, porque o senhor tem um posicionamento bem diferente do que se vê?
(risos) Nunca… Se eu tivesse recebido, teria aceitado, porque daria condições de “atirar” (debater) em Dilma e fazer oposição chegar ao segundo turno. Eu ia ajudar a acabar com essa política nefasta do PT, mas o PP está com Dilma. 

Deputado, nunca vi posições tão radicais num entrevistado...
Posições radicais? Imagine que você é vítima de um menor que não tem limites. Você vai defender a pena de morte para ele.

Mas, deputado, eu já fui assaltada por menor de idade, com revólver, e nunca defendi pena de morte para menores. Defendo que eles sejam reabilitados, ressocializados. 
(risos) Isso é porque você não morreu, não ficou aleijada. Por que eles não assaltam na favela? Porque lá tem a pena de morte.

Não será porque na favela a condição financeira dos demais é a mesma da dele?
É? Então, porque ele não estupra na favela, que tem meninas muito mais bonitas que na cidade? Porque ele sabe que na favela tem pena de morte. 

E sobre essa polêmica questão da homossexualidade. O senhor insiste em colocar regras em comportamento, em orientação sexual.
Olha, vou te falar. Você sabe quem é a Ministra especial da Secretária das Mulheres, Eleonora Menicucci? Ela assumiu o cargo (em fevereiro de 2012) e o que foi que ela falou na primeira entrevista? Você acha que ela falou sobre a saúde feminina, sobre doenças? Nããããão! Ela disse: ‘não é porque eu tenho mais de 60 anos que eu não continuo a fazer sexo com homens e mulheres’. Depois ela falou. ‘Eu me orgulho que minha filha é lésbica’. Esse é o padrão das pessoas que estão no governo Dilma. Eu não tenho nada a ver com a aranha dela, mas a partir do momento que ela torna isso público, a gente tem que bater em cima.

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