quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

CESARE BATISTI - TARSO DEVE TER ACHADO QUE SERIA SÓ MAIS UM FLERTE IRRESPONSÁVEL COM O TERROR. DEU-SE MAL.

TARSO DEVE TER ACHADO QUE SERIA SÓ MAIS UM FLERTE IRRESPONSÁVEL COM O TERROR. DEU-SE MAL.
É difícil que o governo brasileiro volte atrás, por conta própria, da decisão de conceder refúgio político ao homicida Cesare Battisti. Alguns setores do Planalto apostam na possibilidade de que o STF acabe abrindo alguma brecha para que o criminoso possa cumprir a pena em seu país. Vamos ver. Mas faço esse post para observar uma aspecto do imbróglio: Tarso Genro, um esquerdista provinciano metido a sabereta universal, não tinha noção do tamanho do rolo em que estava se metendo. Definitivamente, não tinha.

O Brasil vive flertando com terroristas, é bom lembrar. Basta ver as “nossas” (deles) relações com as Farc. Até havia outro dia, os narcoterroristas dividiam a mesa do Foro de São Paulo com o PT, que está na direção desse agrupamento de esquerdistas latino-americanos. Hoje, oficialmente — só oficialmente —, as Farc estão afastadas do Foro. Mas conta com apoio do grupo. Entre o governo democrático da Colômbia e um movimento assassino, que mantém um campo de concentração na selva, o Brasil declarava a sua neutralidade. Só depois que Álvaro Uribe deu a volta por cima, no aspecto da publicidade, com a libertação de Ingrid Bitencout, é que Brasília decidiu condenar os métodos dos narcoguerrilheiros. Mas que fique claro: Lula condenou o método, mas não mérito. Sugeriu aos bandoleiros que disputem eleições...

O Brasil, do mesmo modo, não reconhece como terroristas grupos como o Hezbollah e o Hamas. Notas recentes do Itamaraty e do PT deixaram claro de que lado estão o partido e o governo.

Pois bem: ninguém liga muito para uma disputa no coração de uma selva latino-americana. Ninguém liga muito para as bobagens que o Brasil diz sobre o Hamas porque é tal a irrelevância do país nesse conflito, que as tolices passam despercebidas. E Tarso talvez tenha apostado num modesto muxoxo desse ou daquele, mas também sem maiores estragos, ao conceder refúgio ao facinoroso.

Pois é. Ele quebrou a cara, e o Brasil também. Tarso mexeu com algo muito caro aos italianos: o combate ao terrorismo, que tanto custou àquele país em vidas. Houve, na Itália, uma luta que absorveu as melhores energias de várias gerações, até que se consolidasse a verdade que interessa: a democracia é o melhor ambiente de arbitragem das diferenças. De fato, Battisti é um terrorista. Mas a Itália o julgou como criminoso comum justamente porque não admite que a luta política possa fazer cadáveres. E que se note: NEM NO BRASIL EXISTE UMA LEGISLAÇÃO ESPECIAL PARA HOMICÍDIOS POLÍTICOS.

A estúpida decisão de Tarso Genro não repercute só na Itália, não. É comentada hoje em toda a Europa. Isso a que o provincianismo lulo-petista está chamando de “soberania” está sendo lido mundo afora como flerte com o terrorismo. Falei há pouco com um amigo italiano, jornalista: “As pessoas aqui sempre tiveram a melhor impressão de Lula por causa de sua história e de sua origem operária. Isso é muito importante aqui por causa do peso que o antigo Partido Comunista tinha nessa sociedade. Nós nunca tivemos um operário como ele. Os nossos eram, na verdade, intelectuais de origem operária formados no partido. Mas essa decisão fez com que toda a nossa imprensa, simpática a Lula, passasse a vê-lo com outros olhos. Lula e Tarso Genro certamente não sabem o quanto o terrorismo traumatizou a nossa sociedade e o quanto sofremos para combatê-lo. Nem a esquerda consegue defender a decisão do governo brasileiro porque isso seria muito impopular. Há um sentimento de indignação no país”.

Tarso certamente apostou que mais este flerte com o terror passaria por um desses exotismos de república bananeira. Deu-se mal. Sua única saída tem sido repetir o mantra de que a censura a seu ato é ideológica. O que ele não consegue explicar é que outro critério, além do ideológico, justifica o refúgio a um homicida.


Por Reinaldo Azevedo

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