domingo, 22 de maio de 2022

Autoconhecimento tem a ver com autocontenção


 

Autoconhecimento tem a ver com autocontenção.

Limites.

Antigamente eu pensava que toda a questão a respeito de limites era centrada na máxima socrática, obtida no oráculo délfico de conhecê-los enquanto humanos, mas não. Não é apenas isso. Precisamos mais. Precisamos demarcá-los. A Bíblia mostra Hashem estabelecendo estatutos, estatutos os quais Ele sabiamente estabeleceu e nos entregou prontos, de bandeja, para utilização imediata.

Mas nós possuímos limites internos que precisamos, além de conhecê-los, no sentido de sermos inteirados de sua existência, estabelecer seus “estatutos”.

As aspas se tornam necessárias e convenientes pelo fato das palavras “estatutos” e “limites” de fato serem sinonímias. Então, seria apropriado dizer que devemos estabelecer limitações aos nossos limites?

Muitas vezes, mesmo tendo noção de nossos limites, estes não são suficientes para que, ao usarmos deles não fiquemos livres das consequências nefandas de sua justa utilização.

Podemos, ao lançar mão de nosso reconhecido direito de verbalizar ou agir, para que, no final, apenas nos tornemos insensíveis algozes e, consequentemente, futuras vítimas tardias de vendetas em razão de nossas atitudes, ainda que notoriamente legítimas, portanto notoriamente admitidas, no entanto notadamente imorais, por conseguinte, manifestando suas nítidas falhas, tanto no âmbito de uma ação pessoal a ser tomada, quanto ao caráter a ser definido.

Nem todo direito deve ser utilizado na sua completa extensão, não leve seu crédito ao limite, diria o sensato administrador. O que anula e torna insignificante o mérito do correto proceder, ao se dispor do agir numa correta tomada de decisão, ainda que legitimamente? Há que se entender que o ato de locomover-se tanto é próprio, do humano quanto do equino, mas há que se entender da patente inadequação desse ato natural quando o segundo o executa dentro do escritório.

A capacidade de conter a insolência, citada por Marcus Aurelius.

Em primeiro lugar, julgo que o mais importante, antes de tudo é estabelecer a responsabilidade do direcionamento desta virtude de difícil conquista e manutenção:  Marcus Aurelius, embora tivesse poder suficiente para o contrário, obviamente se refere a si próprio ou a referência seria “ a capacidade de conter os insolentes”.

Como insolentes, me refiro àqueles que agem com despropósito, inadequação. Os arrogantes e estúpidos. Aqueles tidos como inconvenientes, tanto por suas falas quanto pelos seus atos. Essa inadequação é surpreendentemente ativa nos mais símplices de caráter, mas se apresenta de forma inusitada e em ocasiões inesperadas até nos mais sábios, portanto, endêmica na humanidade.

São 3 os benefícios resultantes ao homem capaz de controlar a insolência própria, a saber, a superação da dor e do prazer, a superioridade sobre uma pequena glória e a não afetação emocional em relação aos obtusos e ingratos.

Passar sobre e ao longe, sem se importar com o sentimento de regozijo diante da sua retórica, pela perfeita capacidade de ordenamento do pensamento a respeito do assunto discutido, que leva ao seu raciocínio a ser aplaudido, bem reputado e sendo honrado com a última palavra sobre a querela te faz superar o prazer.

Por outro lado, é fato que a sensação de dever cumprido, mesmo superior, não é menos almejada que a de reparação da honra por uma reprovação quanto a uma colocação fraca ou mesmo errada num argumento, quando o indivíduo remodela seu antes defeituoso raciocínio e retoma a razão e tem reconhecida vitória sobre o querelante.

Neste caso, temos que entender que tanto essa mencionada dor deste segundo caso, quanto o prazer citado no anterior, ainda que possuindo importâncias diferentes, têm características deletérias ao caráter humano na mesma intensidade, portanto, são objeto de igual atenção e combate similar.

Para o autor, não existirá glória humana que resista ao tempo, mas há de se agir conforme e de acordo com os ditames naturais, sem a eles negar sua superioridade intrínseca e nossa intrínseca submissão. Tudo mais, tudo além da vida consonante com o fluxo “naturae”, a saber, o fisiológico e o patológico não se revelam de grande importância, sendo reputados como glórias pequenas e facilmente evanescentes.

Reconhecimento, homenagem, títulos, conquistas materiais ou imateriais, honrarias e distinções, que por sua natureza dividem indivíduos em níveis e graus de importância, estas pequenas glórias, o homem sábio deve superar ao conter sua insolência. Fortuna ou desgraça não têm apelo sobre o homem sábio, pois ambas são vãs.

 

Homens sábios recebem com desdém as falas e atos de pessoas obtusas e ingratas. Não há possibilidade de crescimento mental ou espiritual nesse tipo de fala ou ato. Perda de tempo não tem boa recepção para os que procuram sabedoria, portanto não há local de guarida a este tipo de raciocínio diametralmente oposto à verdadeira riqueza e à busca da real felicidade humana.

Não obstante o homem sábio sabe que, enquanto possui riquezas reais, outros sofrem pela falta deste recurso valiosíssimo e não os vê com o mesmo desdém dirigido às suas palavras e proceder. A estes, diz o autor, lhes é sempre solícito no intuito de que aprendam e mudem de rumo.

De certo modo, observa-se dois tipos de entendimento do mundo: os que entendem que o mundo está num universo caótico e, nada esperando do mesmo, nada investem em esforços racionais para sua riqueza espiritual.

Seres assim estão caminhando em desespero, pois seus únicos dons são conquistados por sua própria mão ou arrebatando sem culparem-se, das mãos de outrem.

As demais encaram o universo como um encadeamento ordenado, longe do visual caótico, portanto procuram seu ordenamento e, com isso deparam-se com a existência do seu Ordenador e Este lhes fala, através de Sua obra e lhes proporciona dons em profusão, seja para prazer ou para corrigir, e destes recebe agrado e gratidão, pelo bem e pela real felicidade

Estes homens, alguns sem muito recurso, outros com abundante provisão material, crescem e frutificam, pois a cada experiência travada distanciam-se do desespero e movem-se na direção oposta, rumo à fiel esperança de crescimento interno, crescimento este que nada nem ninguém lhes pode arrebatar.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

RESOLUÇÃO DE FIM DE ANO( 2019)




Oi, amigão.
Sou eu, sua consciência.
Tô deixando algumas recomendações para o ano de 2019.
Leia que é de graça.

Lembra quando você escreveu que esse era o seu jeito e que o mundo deveria te aceitar assim?

O mundo não vai.

E este comportamento denota transtorno de personalidade narcisista.
Mas não é motivo para se sentir diminuído.
É motivo para se sentir envergonhado.

Não adianta desejar a todos um ano melhor se você utiliza os mesmos ingredientes e segue a mesma receita solada.

Você sabe a decepção que foi neste ano que passou. Egoísmo e hedonismo foram suas metas cumpridas.
Não dá para esperar uma viajem alvissareira com um passageiro destes na embarcação.

Aliás, já passou a hora de entender que neste barco não há espaço para passageiros.
Aqui só cabe a tripulação.

Você não engana a mais ninguém.
E ninguém te engana mais.
É tudo fingimento.

Não me deseje um super mega ano, se você não tentou melhorar no ano que  se passou.
Muito menos se eu também não tentei.

Você se mostra patético, seu desejo é falso.
E você continua sendo um  inútil para as  pessoas à sua
volta.

Vestir uma casca branca não te torna mais limpo.

Sorrir hoje não te torna mais gentil.

Encher a cara, fingindo estar aproveitando o melhor dos mundos só torna público o teu vazio e o desespero em que você vive.

Todos sabem que você entra no mar porque gostaria de tentar algo novo na outra margem, mas se não deu certo aqui, porque daria lá?

Sementes foram feitas para serem plantadas, não para ficarem na sua carteira.

Tenha coragem.

Um último recado:

Jesus tira sim, os demônios das pessoas.

Ele tem tirado os meus.

Você não tem muito do que se orgulhar e você sabe disso. Então pare de fingir.

Passe a virada do ano de joelhos.

Ano que vem a gente se fala.


segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A mesa da Agulha (uma nota)



Vai chegar um dia, meu filho, em que vais ver pessoas  que  andavam perto ou conhecias e convivias, que irão, lentamente se afastando de você.

 Hoje ao vir trabalhar, senti, ao chegar que o clima estava ruim, pessoas em silêncio e uma destas pessoas a quem me referi acima, sorrindo distante para mim. Aí notei que iria perder mais alguém de meu convívio. Aquela pessoa.

 O mais terrível é que você nada poderá fazer para evitar o afastamento.

Essa pessoa vai se afastar de você, e de tudo que representa a vida com o tempo.Ela não conseguirá mais dizer não aos pedidos da agulha.  Ela vai se afastar de seus amigos e colegas e conhecidos. Vai se afastar do seu trabalho, mesmo que a fome venha e ela não possa se sustentar. Estas pessoas não conseguem dizer não às demandas da agulha. Apenas obedecem

A agulha comanda.  Seu desejo é ordem.

Dokudami. É assim que são conhecidos no Japão. Os envenenados.

 Dói vê-los partir com aquele sorriso ausente de sentimento, sem mágoa, sem desespero e sem constrangimento.

 Estou perdendo mais um hoje. Sei que isso vai se repetir mais vezes. Pensei em você e em sua irmã, pois sei que as coisas vão ficar mais complicadas daqui pra frente e que seus amigos possuem ouvidos atentos à voz da agulha. Eles já te demonstram isso.

São ociosos e ganham tudo o querem, para que não incomodem o egoísmo paterno, que julga suficiente dar em vez de estar junto deles.

Mesmo assim, são vítimas. Inegável fato.

Isso os revolta por dentro. Com o tempo, a revolta sai de dentro e deixa seus hálitos com um gosto metálico e um odor fácil de reconhecer.

 Não foram ensinados a suportar mínimas frustrações e isso fermenta com o tempo em desilusão e despreparo, nunca em aprendizado.

A agulha mente. Mas eles possuem pouco a perder ou julgam possuírem pouco e resolvem arriscar. E perdem tudo o que julgaram não ter.

Você tem seu pai e sua mãe, sua irmã. Não somos perfeitos, mas tentamos fazer o melhor para que você se sinta bem vindo e amado. Nunca dê ouvidos á agulha. Ela vai querer você.

 Acredite, para ela seria um grande prêmio ter a sua cabeça sobre a mesa. E depois, na sala de troféus.

 E eu não suportaria ver aquele sorriso vazio em seu rosto, me dando adeus, sem ao menos, realmente se importar.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Peter Pan, Captain Hook, Caim , Hotter - o chapeleiro e você.






















Peter Pan, o eterno menino, o rapaz de muitas potencialidades
adormecidas e latentes, com um mundo inteiro à minha frente. Isto é maravilhoso!
O que me faria abrir mão de tais títulos? Sou o Rei de NeverLand! Líder inconteste dos garotos perdidos!



O mundo me ama, sou um ícone eterno, um meme atualmente!

Ei! só um segundo! Eu não quero ser um meme...

Há uma grande diferença entre ser um ícone e ser um meme. Existem memes de ícones? Claro que existem! E eu sou um destes! Eles são ícones antes de serem memes e o fato de que hoje em dia são utilizados como memes não importa. Eles não ligam para isso. Mas eu sim.

Talvez porque antes de se tornarem ícones e daí se tornarem memes, os ídolos já eram há muito tempo personas exemplares aos outros.

Mas por que eu abriria mão de meu enorme potencial latente para me transformar em um adulto?
Adultos são obcecados com seus objetivos, são tiranos silenciosos, que pensam neles mesmo enquanto parecem distraídos ou relaxados.

Exigem muito de si e de quem está à sua volta e o pior, adultos possuem cicatrizes dolorosas, cortes e rasgos de lutas renhidas e ferozes!



Adultos se machucam constantemente e vejo o quanto ignoram o sangue que lhes esvai para encarar os olhos dos inimigos.

Adultos perdem braços e pernas e possuem feridas internas que muitas vezes não cicatrizam nunca.
Não quero ter um gancho no lugar da minha graciosa mãozinha juvenil. mesmo uma ferida interna, que ninguém perceba e só incomode em silêncio.


E tem mais. A solidão. Eles são solitários. Não sei viver só, e sou o rei dos garotos perdidos (já disse isso antes?), saímos por aí sem destino e fazemos coisas loucas e sem sentido. Ok, admito que isso não é lá grandes coisas.

Eu sou o rei da terra do nunca (também já disse isso e confesso também a irrelevância do fato de viver em um lugar que nem existe de verdade...mas olhe o Captain hook! Ele é constantemente perseguido pelo dragão do caos, que busca a todo momento devorá-lo e levá-lo à destruição e aniquilamento.

 Este dragão é dono do tempo, que guarda em sua barriga e todos sabem que o tempo é o inimigo dos planos dos que crescem e se tornam adultos, uma ampulheta acionada que não para nunca. É a morte chegando no próximo minuto.



Mesmo assim confesso que há algo que me falta, há um vazio além dos fatos que minha covardia em crescer vai me negar eternamente a não ser que eu dê o próximo passo.  E isso me traz uma culpa absurda, semelhante a uma amputação de um membro,  que por ser a mesma coisa dia e noite quando poderia ser mais me causa agonia quando estou só.

 Mesmo sendo um saco de potencialidades guardadas eu estou só, pois aqui me falta a Wendy. Estou só, e apesar de ser único, neste lugar mágico, onde tudo pode acontecer, eu não posso ser dois.

A minha estagnação é a testemunha que grita a minha total covardia. A zona de conforto é meu lar, meu país, mesmo irreal, Thinkerbell é minha Wendy virtual, minha substituta à realidade, mesmo que não possa realmente sentir e tocar, conversar e discutir, mas são pequenas satisfações, emoção barata para substituir a realidade dura, contas a pagar, escola das crianças, memorando do chefe, muta de trânsito, imposto de renda e discussão de relação.

A substituição do real pelo imaginário pode ser mais pálida e incompleta, mas dói menos. Pelo menos quando não estamos sós.

Mas Wendy está lá fora, no mundo real, ela é real, é humana e o tempo passa para ela, logo vou perdê-la se não abandonar a terra do nunca.
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Mas caso eu crie coragem para ir, para onde eu iria? São inúmeras as possibilidades aqui, onde tenho todas as possibilidades do mundo. Para onde devo ir? Que local apontar? por onde começar e como escolher? Talvez, deva escolher aquilo que possa proporcionar um bom começo. Prepare-se então para a viajem, coloque o seu chapéu e ponha os pés na estrada desconhecida.

Vamos para o Leste do Éden.

Então, vamos à barganha! Quem quer barganhar comigo? Alguém aí quer barganhar comigo?


Tem alguém aí, pelo menos?

O que eu tenho de valor? O que juntei de valor todos estes anos? Potencial serve?
Que seja alguém que tenha algo que eu desejo, mas o que eu desejo?

Então, que seja alguém que me dê algo valioso.

Saber das coisas agora se torna valioso. O conhecimento é uma arma. e mais que isso, o conhecimento é uma ferramenta. E ferramentas são tão úteis quanto armas, mas são muito mais utilizadas neste mundo real.

Um poder, do qual eu gostaria de ter parte nele. Um poder pelo qual eu daria algo de valor de dentro de mim, que valesse a pena. meu sangue, meu suor, minhas lágrimas de perda, dor, sofrimento. Uma parte de mim. Meu olho esquerdo colocado n beira do poço de Wyrd numa tigela branca, manchada de sangue.





Um sacrifício.







São 9 dias pendurado na grande árvore do mundo.


9 dias de fome e sede.

9 dias sangrando com uma lança afiada pendurada em minha barriga.

A sede me tortura, a lança me trespassa.

A solidão é uma lança em meu ventre, expondo meus intestinos, expondo meu interior.
















Após 9 dias as cordas afrouxam e saio da árvore.

Muito fraco. Quase morto. Sem meu olho.
Mas enxergando melhor agora.

Mas consegui sair com vida. E carrego o conhecimento em minha algibeira. O conhecimento é algo que ninguém pode me roubar e que nunca desaparecerá da minha vista.

A estrada do mundo se abre. E com ela, várias possibilidades.

Mas baseado no que ganhei, eu faço a minha escolha.

Uma de cada vez.
Outras virão.


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Um pastor que não tinha apenas ovelhas






Acabo de enterrar o último de uma dinastia de pastores que de tudo sabiam, e que além de tudo saber,  em algumas áreas demonstravam ainda mais  total competência. Verdadeiros titãs, que tinham tudo que estava dentro de suas igrejas sob controle. Nada escapava de suas mãos, eclesiologicamente falando.

Não tinham hora pra acabar, não tinham hora para comer, dormir, descansar, davam conta de tudo, ninguém podia os acompanhar. Superá-los? Não havia quem intentasse tal coisa. Não temiam nada. implacáveis, admiráveis.
Insuperáveis.

Alguns vão dizer que este tipo de atuação não é possível e que esta atitude centralizadora coloca tudo a perder. Mas o legado que eles deixaram nega todos estes argumentos com um sorriso no rosto e o pé nas costas.

Sebastião Ferreira.

Para os batistas brasileiros este texto dispensa qualquer explicação e termina aqui.

Mas quero dividir o sentimento que possuo pelo meu pastor com quem quiser ler um pouco além.

Sua esposa, Dona Ruth, foi minha professora da EBD. Ela me alfabetizou nas palavras da Bíblia e mesmo tendo uma natureza que procurava me afastar de Deus, "no entanto, me fez permanecer no ensino que recebi, e sobre o qual tenho plena convicção sabendo bem o que tenho aprendido", ela possibilitou que "desde a infância eu soubesse as sagradas letras, que tiveram poder para me fazer sábio para a salvação, por intermédio do Senhor Jesus". É. Isso foi uma paráfrase.

Dona Ruth colocou tijolos e cimento nas bases do meu crescimento cristão. Me apresentou à Palavra de Deus, a Bíblia.

Meu pastor me apresentou ao Senhor Jesus de uma forma que só um bruto como eu teria interesse: pela razão, ferramenta intelectual que me maravilhava e me surpreendia.

Aprendi com meu pai, Luiz Carlos do Couto,  que ele precisava de apoio e conselho. Como obviamente em nada poderia contribuir em termos de aconselhamento, decidi que o protegeria. Como se um homem guiado por Deus precisasse de algum tipo de proteção de outrem. Mas qual outra função para um cão em um rebanho de ovelhas senão a de cão pastor?

Pastores tem ovelhas e meu pastor também tinha um cão pastor, pois eu não sabia ser ovelha e queria, precisava ficar ao lado dele. Minha natureza agressiva necessitava encontrar calma e alguma paz, e aquele homem conseguia apaziguar as sombras dentro de mim com sua voz. E as sombras não eram poucas dentro de mim.






Aquele homem cuidava mais da minha família que eu dele, por isso a estima por ele crescia e com isso aprendi a enxergar nele o reflexo de Cristo. Eu aprendi a amar sendo amado pelo meu pastor.

 Meu pastor era uma cópia mal feita de Cristo. Isso é algo surpreendente. Raramente na minha vida deparei-me com gente assim. Ele era especial. Um vaso de barro cheio do melhor tesouro. E até o seu barro era melhor que o meu.

E assim ele me mostrou como Jesus era e O aceitei. Ele vivia Jesus, amava Jesus, sua primeira pergunta nas profissões de fé era sempre "Você ama a Jesus?"

Esta pergunta simples é o desenrolar de nada menos que a Shemá! O primeiro mandamento, é a confirmação da presença de Jesus, pois, "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, ESSE É O QUE ME AMA, e aquele que me ama será amado por meu pai e eu o amarei, e me manifestarei nele".
A manifestação de Jesus é para aqueles que o amam! A quele homem deixou um legado de vidas felizes e salvas por Cristo porque Cristo se manifestou nele, pelo simples e determinante fato de que ele amava ao Senhor Jesus.

Nunca mais esta pergunta "Você ama a Jesus?" foi tida como uma questão simples na minha vida. Passou a ser prioritária.

Conheci seus erros e por isso não deveria ser tão convicto de sua santidade, mas mesmo  suas decisões erradas estavam encharcadas de amor, de auto sacrifício, de renúncia. Como eu gostaria que os erros  que cometi na vida tivessem este fator amenizador.

Ele gostava de carne de caça e dona Ruth apreciava peixes. Eu os trazia para eles. Gostava de vê-los sorrir. Me sentia esperto. Cão esperto.

A Bíblia diz que as ovelhas ouvem a voz de seu pastor. Eu, como não era ovelha, me sentia isolado e triste. Mas Deus provava seu amor por mim, pois meu pastor me conhecia.
 Desde pequeno ele me chamava de amigo, cresci e me tornei feroz, e mesmo assim ele me chamava de amigo.
Amadureci e adquiri algum autocontrole e ele me chamava de amigo, pois sabia o que eu era para ele. Aquilo me fazia bem. Você pode até dizer que possui muitos amigos. Mas eu não.

Ao envelhecer e a doença o tomar, fazendo com que esquecesse coisas simples, Deus me premiou, mostrando que minha tristeza por não ser ovelha não era justificada pois, mesmo esporadicamente me vendo, ele sempre sabia meu nome. E sempre completava "Meu amigo".

Tive a honra de servir a Deus através do serviço ao meu pastor, que soube me colocar na única função que executaria 100%.
Tive inveja até das pessoas que ele ralhava e aceitava sua correção sem pestanejar, sua autoridade sem piscar. Como não aceitar se aquelas ordens estavam encharcadas de amor?

Hoje deixei meu pastor no pomar dos ossos, sabendo que, um dia, brevemente, irei também me ajuntar ao grande rebanho do Senhor Jesus, onde ele está agora, ceando em Sua mesa, tendo a mente de Cristo, sendo um com Ele, não mais aquela cópia mal feita de Jesus( que mesmo mal feita era inalcançável pra mim).

 Um dia estarei junto ao Senhor Jesus e reencontrarei meu pastor.

E se ele estiver perto do Mestre, imagino se Jesus perguntá-lo se ele conhece este que está se chegando, sei exatamente o que ele iria dizer:

"Aquele?

É Ademar, meu amigo"







"Eras indigno, mas escolhi-te; 

Não temas, pois eu muito te amei; 
Quem do meu braços pode pode arrancar-te? 
Sempre seguro te guardarei"
(Rica promessa . CC 349).



segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Ataque Aberto: UMA RESPOSTA DO CLUBE MILITAR AO COMANDANTE DO EX...

Ataque Aberto: UMA RESPOSTA DO CLUBE MILITAR AO COMANDANTE DO EX...: O PENSAMENTO DO CLUBE MILITAR: “SEM SAÍDA” Gen Gilberto Pimentel Presidente do Clube Militar 12 de dezembro de 2016 Quem não vi...

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A MORTE DAS NAÇÕES E A MORTE DA LIBERDADE

  tão importante que foi trazido pra cá de http://tradutoresdedireita.org/a-morte-das-nacoes-a-morte-da-liberdade/


A morte das nações, a morte da liberdade


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[*] Por Joseph Pearce
Existem muitas maneiras pelas quais as liberdades a que não damos importância estão sendo retiradas de nós. Uma das mais notórias é a forma como o crescimento do globalismo tem conduzido o desgaste contínuo da soberania nacional.
Isso importa? As nações são realmente necessárias em uma economia cada vez mais globalizada? Estariam elas prontas a seguir o caminho dos dinossauros?
Eu responderia tais questões delineando uma analogia com a importância da lei, como defendido por Thomas More na peça de Robert Bolt, “A Man for All Seasons” (Um Homem para todas as Estações):
“E quando a última lei fosse derrubada e o diabo te cercasse – onde te esconderias, Roper, uma vez que todas as leis estariam sendo esmagadas? Este denso país estabeleceu-se por meio de leis de uma costa a outra – leis dos homens, não leis de Deus – e se as cortasses, tu realmente pensas que poderia permanecer em pé diante do temporal que viesse em seguida? Sim, eu daria ao diabo o benefício da lei, para minha própria segurança.”
O que isso tem a ver com a existência das nações e sua soberania política?
A questão é que as nações servem para as mesmas funções que as leis. Se nós abolimos todas as leis, não teremos a liberdade, como os anarquistas acreditam, mas a tirania. Na ausência da lei, o mais forte devora o mais fraco. Semelhantemente, se nós abolirmos todas as nações, ou corroermos seu direito soberano de autodeterminação, não teremos uma comunidade internacional de cidadãos do mundo, como os globalistas acreditam (ou dizem que acreditam), mas sim uma tirania globalista na qual as mais poderosas organizações, instituições financeiras e impérios políticos terão rédeas soltas e carta branca.
Que tipo de liberdade política será deixada para o homem comum nas ruas, quando todos os governos e todo o poder estiverem centralizados em organizações globais? Que voz ele terá? Quem irá ouvi-la?
Modificando as palavras de Thomas More, quando o último governo nacional desabar e o diabo, também chamado de Big Brother, cercar você – onde você se esconderá, se todas as nações estiverem esmagadas? Esse mundo plantado profundamente pelas nações de leste a oeste, e se você as corta….. você realmente pensa que poderia permanecer em pé diante do temporal que viria em seguida?
jv7curmort4-movieposter_maxresAs organizações globais e instituições financeiras globais querem um campo de atuação nivelado, sem os obstáculos incômodos que as nações apresentam a elas, assim como suas leis. É do interesse delas que a soberania nacional deva ser corroída. É por esse motivo que os globalistas apoiam domínios políticos tirânicos, tais como a União Europeia, que corrói a soberania dos seus Estados-membros. É muito mais fácil para os globalistas negociar com [um número] relativamente pequeno de impérios multinacionais a lidar com uma imensidão de nações individuais. As nações têm que ser sacrificadas no altar de Mammon para que Mammon possa tê-las ao seu dispor. As pequenas nações devem ser esmagadas e, com elas, muitas das pessoas simples que vivem e apreciam sua liberdade e cultura locais.
No livro 1984de George Orwell, o mundo foi dividido em três monstruosos impérios: Oceania, Eurásia e Lestásia. Cada um deles é uma tirania na qual as nações deixaram de existir e os seus indivíduos foram reduzidos a figuras impotentes e alienadas, privadas de toda a liberdade. Esse é o destino que nos aguarda caso consentirmos com os globalistas destruindo a liberdade nacional em nome da Globalização.
[*] Joseph Pearce. “The Death of Nations, the Death of Freedom”. The Imaginative Conservative, 12 de Julho de 2016.
Tradução: Walkiria Mello
Revisão: Renan Poço

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Os reis de Dogtown do Kayak


Não tenho o costume de me vangloriar de alguma coisa que tenha feito.
Não costumo ter vaidades que me tragam nada além de um mero e momentâneo sorriso na face.

Hoje me encontrei com o Fosk. Ele me obrigou a ver algo que existiu o qual eu tenho o dever de me  orgulhar. Algo que conquistei e que ele esteve lá para me ajudar a conquistar.

Somos, no Kayakfishing do Rio de Janeiro, temos , no Kayakfishing do Rio de Janeiro o mesmo prestígio que tiveram os "Reis de Dogtown". Fomos os primeiros. Fomos os precursores. Tivemos um estilo insuperável e o nosso legado permaneceu. O filme abaixo torna isso inegável, estando eu ou os outros dinossauros por lá ou não. Querendo ou não, aceitando ou não. E eles sabem quem são e não podem negar.






       Hoje disse para ele que havia duas coisas que eu trouxe para o grupo que  agora me trazem uma excelente lembrança: uma me recorda tempos de alegria e me foi dito pela boca do meu filho Leonardo, quando comprei meu primeiro Kayak. ele, impaciente como toda criança de 5 anos me apressou dizendo: "Vamo cair, papai!"
Não consegui dissociar esta expressão do Kayak desde então. Sempre chamei e convoquei o grupo desta forma, passamos a conjugar o verbo cair de uma forma mais agradável que a usualmente adotada por todos. Cair, caída, este tipo de expressão se tornou comum entre nós.


      A outra expressão veio em um tempo mais complicado. Mudanças (e mudanças são necessárias, não nego) fizeram que alguns de nós ficassem confusos sobre o que éramos e o que estávamos fazendo. Quem se lembra bem disso e não me deixou esquecer foi o Niko, que no momento em que falei, concordou e frisou a certeza do que eu disse, "No kayak, somos espíritos livres". Sim, somos.

 E por este motivo estaremos sempre nos reconhecendo e nos reencontrando, pois espíritos livres se comprazem no reencontro. Esse é o nosso jeito. Esta é a nossa maneira de ser.

Somos os donos do kayakfishing do Rio de Janeiro e os paulistas, os mineiros, os caras de Brasília e do nordeste sabem que somos e admitem rindo do nosso inconfundível jeito de ser.



Tentei entender o porquê  somos assim na literatura científica e cheguei a ver nosso estilo, nosso comportamento mimetizado na "competição altruística", onde, em resumo, um sempre quer ajudar mais que o outro, muitas vezes comprando coisas que "ficarão melhor nas suas mãos do que na minha", como o Eduardo Marques fez uma vez, me dando, enrolada numas sacolas plásticas de supermercado (com medo de que eu não aceitasse, jogou no banco traseiro do carro e me ligou pra avisar) uma carretilha Quantum Kevin VamDam, de 200 dólares.

Achou estranho? Ganhei um Kayak do Elias Lemos, da Lontras (que me pediu sigilo , que hoje desfaço pra honrá-lo como merece, pois este sim é O CaRa em se tratando em kayaks no Brasil). Elias ama, estuda e faz o que está em seu alcance para desenvolver o Kayakfishing com toda a propriedade e paixão que eu nunca vi  em nenhum fabricante.
Não me cobrou nem o frete, de São paulo pra cá.

A propósito, doei o kayak que ganhei. Sonho de muita gente era ter um Barracuda.
Justificativa?: Alguém precisava mais que eu. E eu não tenho duas bundas pra sentar, logo, Bastava ficar com o Amaguk.

(Não vou poupar ninguém, hoje. Culpem o Fosk).

O Frank Downs colocou uma foto do Amaguk na OLX, à venda. Obviamente choveram ligações, pois ele colocou um preço irrisório.

Obviamente eu também não sabia que meu kayak estava à venda.


Sei que não somos perfeitos, longe disso. Sei que tivemos problemas, amigos que se foram, falsos amigos, mas cuidamos uns dos outros (o Ed sabe muit bem disso, né filhão?  O nosso Amarílio está no céu, como prova disso. Você tornou seus dias finais muito mais felizes, recebendo a gratidão da sua família, que antes não nos conhecia).

Lembro do Niko sequestrando o Amarílio, que não entendia nada... "por que estes malucos que me conheceram hoje estão me levando, bancando minhas contas, bancando meu transporte, hospedagem e comida, levando um kayak pra que eu pesque se quiser, me buscando em casa a essa hora da madrugada?  ELES NEM ME CONHECEM!".


Provavelmente devo aumentar este texto, pois gente maluca e com este espírito livre estiveram presentes e construíram algo que tenho obrigação de me orgulhar, pois foi único e bom e ajudou pessoas, e ajuda até hoje. Muita coisa a ser dita, mas por hoje, 24 de Outubro de 2016, vou tentar explicar isso com mais um acontecimento memorável, e que é característica de pessoas que fizeram do kayakfishing no Rio de Janeiro algo único, atípico e impossível de copiar:

Era uma vez um grupo de malucos de kayak no início. Eles viviam juntos, pescando ou não. Certo dia me pediram para tentar arrumar com um fabricante de kayaks em São Paulo (Elias Lemos, de novo...sempre ele...) um brinde, pois SIC "QUERIAM FAZER UMA COMPETIÇÃO DE PESCA EM KAYAK".
Conhecendo este povo e sabendo bem quem são, não levei fé, mas pedi e o Elias mais uma vez ofereceu um kayak novo! Para prêmio desta competição. vai vendo...

No dia marcado, muitos haviam chegado em Junqueira bem cedo, aguardávamos a hora de largada, regras decoradas e tudo mais.
Faltava uma hora pra sair... meia hora pra sair, quando uns dois ou três gritaram:" _ Que se dane o campeonato! Eu vou é cair! E agora!".  Naturalmente foram desclassificados.

Dada a largada, começaram os trabalhos, quando alguns gritaram: " Que se dane o campeonato! Estamos com fome!" E foram para a churrasqueira, abandonando a prova. Desclassificados.

No final das contas, todos saíram da água antes da prova acabar, foram pro churrasco na praia, dispersaram pra água, saíram da área de prova ou ficaram pescando até depois da prova acabar. Ninguém se tocou que bastava trazer um peixe, um mísero peixe no fim da prova que ganharia um kayak novo da Lontras Caiaques. Ninguém.

Algum tempo depois, alguém perguntou:    "E aí?  Quem ganhou a prova?". Começamos a rir alto, sem parar

Nós somos assim e isso é motivo de orgulho. Gente assim colocou o Kayakfishing no Rio de Janeiro e ninguém pode dizer que não e nem tirar isso de nós.


Abaixo um texto antigo, final de 2014. Poderia substituir o texto acima. Mas o Fosk merecia um texto novo hoje, depois de nos reencontrarmos.



Respondo um chamado de um amigo pescaiaqueiro agora. Pescaiaqueiros se conhecem.

Não vim para discutir clube.  Vim para falar de um grupo. A existência do clube já foi mais do que avaliada por todos, foi sabiamente observado suas consequências normais e agradáveis, bem como suas consequências problemáticas. Já que estamos aqui sem a necessidade de um jurídico ou de um regimento interno, venho falar sobre um grupo.

Em 2008 o Zen observava um velho em Junqueira se atirar no mar com um mistral e um caniço/rede. Já conversava com paulistas sobre pesca de kayak e a idéia cresceu sozinha em sua mente.

2008. Niko, que já tinha entrado um dia num mistral, decidiu comprar um orca pra poder pescar mais largo e mais livre.
2008. Um cara chamado João via um “cowboy solitário na Urca” pescando num kayak que até nome tinha. Bateram um papo e se juntaram a um tal de Marcos Mizhai. Foram cair na Joatinga. João se decidiu ali a ter um kayak.

Tempos depois um Dj vindo de um grupo consagrado de pescadores se uniu a nós. Trouxe coisa boa em termos de técnica e conhecimento de materiais.

Junto comigo veio o magrelo do Bob, que nasceu para pescar, com kayak ou não. Muitos mais se juntaram. Quando pescavam juntos, dividiam, coincidentemente o mesmo sentimento.

Muitos se somaram a nós. As pessoas nos chamavam de pescaiaqueiros.

Ninguém desenvolveu o sentimento. Todos trouxeram o mesmo sentimento. Até os mais mal humorados e os bem humorados. Até os enxaquecas, inclusive. Temos até psicólogo no grupo.

O espírito do kayakfishing carioca é o espírito diferenciado. Não competimos. Não disputamos. Nosso prêmio maior era zoar o companheiro pelo peixe pequeno e também urrar de felicidade e vibrar de alegria incontida com a vitória obtida na linha do amigo que tirava um bom peixe. Tudo ao mesmo tempo.

Não queremos nome. Nos chamam assim. Não queremos apoio. Nós apoiamos. Não tiramos proveito. Agradamos com nosso suor e nosso serviço. Nós não ganhamos. Nós doamos, seja material, serviço, até mudanças nós fizemos com prazer que não se mede. Compramos coisas importadas que não usamos, porque vão ficar mais bonitas nas mãos dos nossos irmãos, então pagamos e damos de presente para ver o tamanho do sorriso e o tamanho da surpresa. 
Não ligamos para quem está na moda e quem se dá bem comercialmente ou publicamente, pois não damos a mínima enquanto grupo com o sucesso alheio, queremos mais, queremos ser assim. 

 Isso não acontece com clubes, que precisam de apoio, reconhecimento e estarem na crista ou mesmo quantidade recorde de pessoas com kayak na praia.
Nos contentamos em estar juntos. Em falar abobrinhas. Trocar idéia de material, resolver problemas dos amigos, fazer mudanças de endereço, inventar churrasqueiras flutuantes, importar material pro outro, furar kayak do amigo e tunar material ou fazer manutenção de carretilhas sem cobrar nada. Tem gente que hoje nem tem kayak e nunca vai deixar de ser pescaiaqueiro. Exemplo: Miguel Simmons, Bob magrelo, Fred Bittencourt . Alguém discorda? NINGUÉM PODE OUSAR DISCORDAR.
Nós somos assim.

Para onde quer que formos nós carregamos o espírito do kayakfishing carioca. Boiçucanga, Bahia, São Paulo, Manaus, Nova York, em breve pro Texas, quem sabe. 

Quando há problemas costumamos resolver num abraço apertado, o mesmo abraço que damos ao nos revermos. Não trazemos desconforto, trazemos tranquilidade, portanto convivemos com famílias, mulheres, crianças e idosos, sem problemas. Perdemos nosso tempo conversando coisas úteis. Só algumas pessoas vão conseguir entender isso. Provavelmente as mesmas pessoas que sabem que pescar é, das coisas menos importantes da vida, a mais importante.

Respeitamos pessoas, respeitamos ambientes, pisamos manso onde chegamos, e no final a única coisa que conquistamos é a amizade das pessoas do local.

Não formamos grupos, não fazemos panelas, não combinamos separado, não saímos escondido. Quem cai mais (cair- um termo criado pelo meu filho), chama quem pode. Quem cai menos, vai quando dá. Obedecemos nossas mulheres, respeitamos nossas famílias e deixamos de cair pela necessidade de termos um tempo com elas com certeza.

A razão de escrever este texto é para que entendam todos que aqui se encontram que, não importa o rumo que este tipo de conversa tomar e as consequências dos atos aqui realizados, nós não perdemos nada em momento nenhum, pois carregamos o espírito da kayak de pesca carioca conosco e ninguém há que possa tomar de nós, nossa essência vai para onde nós formos e nem todos que vão estar ao nosso lado, por mais que sejam confundidos conosco, se não partilharem este espírito nunca serão como nós.

Caso as coisas não saiam de acordo, caso os whatzapps e fóruns e grupos privados de pesca e grupos segregados de pesca formados se dissolvam ou se dividam, não damos a mínima. Não ligamos pros números. Nós nos divertimos.

Sabemos sempre   e exatamente onde os nossos vão estar. E marcamos com eles para cair. 
E vamos cair.

Vamos cair.






Deixa eu lembrar, tô ficando véio.

Voltei a pescar quando meu filho fez 6 anos. Comecei a fuçar a internet e como não conhecia muita gente procurei um kayak e descobri que existiam kayaks de pesca, abertos e preparados.

Em 2008 já sabia o que queria, mas enquanto não comprava, estudava as adaptações que faria, pra me facilitar a vida. só nos sites de fora, eram muitas e aí eu me correspondia com os gringos, que me davam todas as dicas possíveis. tudo foi armazenado na cabeça.

Conheci o Elias através do lontras, o kayak da época. Ele me pediu para não comprar nada até sair um novo modelo que ele estava preparando. Aguardei até o final de 2009 e um dos primeiros Barracudas, chamado Amaguk (em inuit significa, mais ou menos "silencioso" ["under feet]) veio e me apaixonei de primeira.

Primeira caída com ele muito aguardada, foi na praia das conchas, em cabo frio (já tinha caído com um mistral na praia do japonês com meu filho, que inventou o termo "VAMO CAIR!", papai!, tá demorando! Amaguk era liso e sem nada. tenho registrado até hoje.

Tinha um bom amigo na época, um tal de Bob, que conhecia de outras coisas veterinárias, que estava pescando e sempre saímos juntos pra pincho, insisti e ele comprou um lontrinhas laranja, o "beto caroteno".

Fizemos uma caída exploratória na lagoa rodrigo de Freitas, muito legal e daí pra frente foi só alegria!

Depois de um tempo caindo um sujeito andava me observando  rendeer enquanto eu caía na Urca e adjacências e no Pescaki me perguntou sobre pesca de kayak, era um tal de João.... lol! , nem sei por onde anda(meu vizinho...) e combinamos com um tal de Marcos JM  lol! cairmos na Joatinga juntos... temos as fotos e tudo mais, foi o início de amizades fortes e duradouras.

preciso falar mais? 

Conheci um gordo nos fóruns de kayak e fui apresentá-lo à Urca, onde pescamos muito, rimos como eu nunca tinha rido na vida, e hoje não consigo pensar em viver sem aquele puto, um Tal de ... Niko lol! . Pescamos marimbás e olhos de cão pra cacete.

Daí pra frente, já conhecia uma gringa maneira, chamada Karen Ezzel, da Hook 1Califórnia, que se dispôs a facilitar minha vida. 
Conheci uns caras de kayak no Rio, que participavam de Pescakis e Caiaque Brasil(um tal de Zen..., sujeito estranho com kayak "magenta" rendeer ) e trocamos idéias e passei endereço da Karen aos participantes (na verdade, até ficha de compra pra preencher eu tive que fazer, só deixando espaço de preencher nome e produtos), um dia a Karen me sugeriu que eu fosse representante no Brasil, aí eu entendi que minha mulher estava certa: eu estava viciado em kayak.... geek geek 

O tempo passou, conheci mais malucos, um psicólogo chamado Buscapé, um feiticeiro africano chamado Frank Downs, vindo de uma linhagem de piratas bahianos, entre muitos cheios de desordens psicológicas extensas, cheguei a anestesiar um maluco pra tirar garatéia (ele já veio pré anestesiado, né, Fabinho?)

Depois de um tempo e muita discussão, por terem espíritos livres demais e sem rédeas, formaram um novo fórum, se juntaram e facilitaram a vida dos psiquiatras por se localizarem no mesmo local...

Tem muito mais história, mas vou deixar que os fios se entrelacem nos relatos a seguir











sábado, 8 de outubro de 2016

A espada Maldita


             






  Algumas pessoas , a título de licença poética ou eufemismo covarde tentam levar o significado de um objeto ou de um tipo de pessoa a um patamar mais apreciável e menos agressivo.

Muitos são por isso bajulados e por este motivo alçam ao plano popular, são chamados de sábios e obtém um alto nível de agrado do público ainda que para isso, todos saibam que eles obtiveram este "padrão dourado" por ter vendido a verdade e junto com a verdade suas almas.

E embora todos saibam, todos, sem exceção, todos compactuam com o silêncio.

Mas há outros. 

No séc. XVI houve Sengo Muramasa. Ele pediu ao seu deus que suas criações levassem tudo a que seu objetivo lhes era imputado, pedindo que fossem "destruidoras". Sengo Muramasa criava Katanas e katanas , entre algumas atribuições, possuem uma primeva, a de cortar a carne no campo de batalha.

Muito me admira pessoas que levam seu ofício ao mais alto grau de desempenho e que não se escondem quanto aos seus objetivos. O tempo premia esta sinceridade carregando suas almas para dentro de suas criações, fundindo criador e criatura. Aço fundido ao sangue. Nada pode ser mais letal que esta combinação.
O nome Muramasa se fundiu a tal ponto com suas navalhas que deixou de ser o nome de um homem. Muramasa foi o nome dado a mais de uma geração de espadas. enquanto estilos de esgrima se tronaram escolas com o passar do tempo, Muramasa foi a única katana que o tempo transformou em uma escola.


Normalmente estas pessoas se tornam tão íntegros que já não separam seu ofício de sua filosofia. São pessoas mais caladas que as que usualmente encontramos por estarem sempre, como dizia Bram Stoker, imersas em "seus pensamento e em suas solidão".


Seus atos os tornam inimigos do mainstream, párias enxotados do lugar comum. Sua presença desagrada, causa incômodo e constrangimento pois não possuem mestre, senão sua consciência, portanto não podem ser bajulados pelos seus subordinados, comprados por desconhecidos abonados e o que há de mais grave nisso, não serão submissos aos superiores que o tempo e as circunstâncias impuserem a eles neste mundo flutuante.

Eles obedecem a verdade e a razão, seus verdadeiros mestres não são feitos de carne humana.


Dizem que acontecimentos terríveis aconteceram à casa Tokugawa nestes tempos.

1535. Kiyoasu, avô do Shogun Tokugawa Ieyasu, foi cortado em dois, decepado por Abe Masatoyo. com uma navalha Muramasa.

1545, Hirotada Matsudaira, o pai do Shogun, foi morto por Iwamatsu Hachiya. nas suas mãos estava  uma lâmina Muramasa.

Quando Oda Nobunaga ordenou o suicídio de Nobuyasu, seu seppuku foi realizado com uma navalha Muramasa. O seu executor utilizou uma Muramasa Katana. 

O Shogun Tokugawa viu seu filho ter a cabeça decepada por uma navalha de Sengo Muramasa na cerimônia da sua morte.


O último incidente, a última pedra da coro de humilhação aconteceu com o próprio Tokugawa, em uma batalha na qual foi vencedor.

Oda Kawachi no Kami, seu general fincou uma Yari na cabeça decepada de um general inimigo após vencer Ishida e Konishi na batalha d Keicho.



Ao inspecionar o Yari, o Shogun teve iemdiatamente sua mão cortada pela navalha. Uma navalha Muramasa.

Aos olhos do Shogun as navalhas Muramasa foram feitas para sangrar, cortar e decepar os Tokugawa.



Este Yari selou o destino das navalhas Muramasa até hoje.

O Shogun proibiu qualquer pessoa de possuir uma lâmina Muramasa, Ordenou que todas as lâminas fossem derretidas em 1603. A posse de uma Muramasa seria punida com a morte de seu possuidor.


As navalhas Muramasa se tornaram o pesadelo de um clã poderoso, a casa Tokugawa, que em face de tamanho poder nada pôde fazer a não ser apelar para a difamação, manchando sua tradição no Budo. 



Saudações a todos que, pelo fato de saber empunhar suas armas tão habilmente, honrando a função da navalha, seja ela mental, verbal ou física, ao inimigo, impotente quanto a este fato, só resta aos inferiores classificá-los como "malditos".

A morte virá, se formos pacientes e assim como o tempo é pai da verdade, a morte se encarregará do falso poder nossos inimigos e resgatará nosso valor escondido pelas suas mentiras.

Muramasa em seu pragmatismo e sinceridade entendeu o real significado da Nihonto. Outros artesãos também, mas ele o declarou em suas criações e por isso pagou o preço.

A primeira função do aço, assim como do pensamento fluido e limpo será sempre descobrir o que vai dentro do peito dos nossos adversários. 

A segunda é nos fazer refletir sobre o que o aço levou com ele em seu caminho.